Pantanal de MT é bom destino para viajar com os filhos, diz leitora
O período de férias escolares já acabou, mas é sempre bom ter um destino na manga, para o próximo ano ou para uma oportunidade que surgir. Pensando nisso, a leitora Amanda Alberola compartilhou com o Check-in a viagem que fez ao lado dos filhos, de 8 e 5 anos, e do marido Thiago. Eles foram agora em julho para o Pantanal e para a Chapada dos Guimarães, ambos em Mato Grosso, e aproveitaram bastante alguns pontos da região.
Caso você tenha boas (ou más) experiências em viagens pelo Brasil ou pelo mundo, divida com o blog Check-in pelo email checkin.blogfolha@gmail.com.
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Julho é sempre um desafio para pais com crianças em idade escolar que trabalham. Na minha família, a pedido das crianças e pela consciência de que é um período importante de conexão com os pequenos, sempre tentamos alguns dias de férias juntos. Mas o mês é desafiador também no quesito “custo”, uma vez que o Brasil encara julho como um período de alta temporada –o que eleva os gastos em redes hoteleiras, aéreos e passeios.
Uma amiga me falou sobre Cuiabá e decidimos abrir os olhos para essa região com voos de preços atrativos e ofertas com milhas para os amantes dos programas de fidelidade (como eu). Além disso, era um desejo das crianças uma viagem de conexão com a natureza desta vez.
A questão é que, ao pesquisar sobre Mato Grosso, muito pouco encontrei de informação para perfis familiares no destino. Decidi então encarar o desafio e aprofundar minha pesquisa mergulhando em sites, amigo, colunas de turismo e blogs. Divido com vocês o roteiro traçado para esse julho de 2019 e o registro de que ele foi certeiro para nós.
Destinamos seis dias para essa viagem (recomendo entre 5 e 6 no roteiro express).
1. Feche um voo chegando em Cuiabá de manhã -ou próximo ao horário do almoço.
2. Alugue um carro no próprio aeroporto. Não faltam opções, compare os preços e opte por um carro “alto” para o Pantanal –não adianta alugar aquele 1.0 popular: você passará sufoco.
3. Em Cuiabá passamos rapidamente pelo Mercado Municipal [av. Oito de Abril, 143] para conhecer as frutas da região e partimos para a Lélis Peixaria [r. Mal. Mascarenhas de Morães, 36]. Imagine uma “churrascaria” apenas com peixes típicos da região. Vale a experiência. Custa R$ 89 o rodízio para adultos e R$ 45 para crianças. Você também pode abrir mão do rodízio e comer um peixe à la carte. O almoço é servido das 12 às 15 horas.
4. Da Lélis partimos para a Transpantaneira [MT-060], a estrada que cruza o Pantanal. Sobre a estrada, anote: ela é de terra, sem sinalização e nenhuma operadora de celular funciona por lá (muito menos o Waze). Não há trechos asfaltados e algumas pontes de madeira cruzarão o seu caminho (sim, é uma aventura boa, faça de dia!). Programe-se, converse com a pousada escolhida e fique atento às plaquinhas de madeira com os nomes das pousadas que começam a surgir a partir do km 30.
5. No Pantanal escolhemos a Pousada Rio Claro [estrada Transpantaneira km 41]. Organizada, simples, limpa, com uma comida deliciosa e repleta de gringos (aproveite para fazer uma imersão no inglês e abrir a escuta para o alemão). A diária incluiu pensão completa e um passeio de barco motorizado pelo Pantanal –impagável! Chegamos pertinho de jacarés, onças, tuiuiú, piranhas e falcões. Tudo com muita segurança e a simpática companhia de um pantaneiro inteligentíssimo que nos deu uma verdadeira aula sobre a região e seus costumes.
6. No esquema da Rio Claro (destaco que você ficará sem TV e sem celular), passamos 24 horas no Pantanal –24 bem aproveitadas horas e partimos com o jipe para a Chapada dos Guimarães.
7. Chapada! A Chapada é linda, pouco explorada por turistas e repleta de nascentes e cachoeiras acessíveis no caminho. Nossa hospedagem não poderia ser melhor, foi no topo da chapada na Pousada Casa da Quineira [r. Frei Osvaldo, 191], um local de charme que abre exceção em alguns quartos para casais com crianças. Atenciosos e com um café da manhã espetacular, eles nos deram muitas dicas sobre o Parque Nacional da Chapada, uma vez que optei por não contratar um guia. Dica: conheça o Fábio, chef de cozinha da pousada e entenda as histórias das geleias e compotas servidas de manhã.
8. Não deixe de visitar com as crianças o Complexo da Salgadeira na Chapada [Coxipó da Ponte], um parque bem estruturado, cheio de trilhas acessíveis, cachoeiras lindas em que você chega muito perto delas e a ossada de um “dinossauro” encontrado em “vidas passadas” por lá. A entrada é gratuita e vale muito a pena! Existem vestiários, caso as crianças se molhem na “salgadeira”. O estacionamento custou R$ 15.
9. Partimos da Salgadeira, após uma manhã intensa e linda, e como dica de um Guarda Municipal fomos almoçar em um local simples chamado Vale Verde Balneário [rodovia Emanuel Pinheiro, km 251] (bem pertinho do complexo na estrada). Um prato serve quatro pessoas por lá (peixe, carne ou frango com arroz, salada, feijão e a típica farofa de banana da região). Para nossa surpresa, a comida era feita na hora e a senhora que nos atendeu ofereceu o “quintal” para as crianças brincarem! ‘Desça as escadas de madeira e encontre um rio transparente e cheio de peixinhos liberado para o banho’, disse ela. As crianças se acabaram de nadar e brincar com o pai! Seguro e um colírio para os olhos, o rio foi uma das experiências mais marcantes.
10. Após dois dias de muitas cachoeiras e a vista da cachoeira Véu da Noiva no Parque Nacional da Chapada, que levaremos na memória para sempre, partimos da Chapada em uma manhã de sábado para Nobres: a cereja do bolo!
11. Nobres é a “concorrente” de Bonito, porém com valores bem mais acessíveis e um visual de igual para igual! Gente simpática, boa preservação, organizados e oferecendo um Brasil que não conhecíamos (como sempre, surpreendente). A proposta é banhar-se em oásis com peixes e viver uma “flutuação”. Nadamos com peixes no Aquário Encantado [rodovia MT-241, km 65] e sua cor azul turquesa (cena de filme), flutuamos com a correnteza leve por 1 km rio abaixo e almoçamos por lá mesmo (comida caseira e boa). As crianças ainda se lançaram na tirolesa e alimentaram peixes em um outro espaço do complexo, chamado Refúgio Água Azul [rodovia MT-241, km 55]. Dica: leve R$ 50 em dinheiro para o aluguel de uma GoPro que ficará com você todo o período, permitindo vídeos aquáticos e o registro do passeio (você não levará o celular para os banhos). O passeio não é radical e até mesmo eu, que não sou ecotravel aproveitei!
12. De Nobres, onde estivemos das 9h às 15h, nos secamos (vestiário organizado) e dirigimos 1 hora até a etapa final das nossas férias: dois dias de descanso em um resort. O escolhido: Malai Manso [rodovia MT-351, km 67], à beira do lago Manso na base dos Cânions -com um visual único para a Chapada. Equipe de recreação simpática e estruturada (quem tem filhos pequenos entende a diferença que isso faz) e bangalôs charmosos. O resort é all inclusive e oferece variadas opções gastronômicas, entre elas comidas da região no bufê principal. Conta com arborismo e uma vila gastronômica que permite a reserva inclusa de uma noite diferente na “pizzaria ou hamburgueria”. Vale pelo descanso, paz, drinque e visual (lindo!). Porém, leve em conta que o atendimento no dia a dia deixa um pouco a desejar –pelo menos conosco faltou um pouco de empatia. Dois dias incríveis sem pensar em nada e recarregando as baterias com um ócio criativo bem aproveitado que foi coroado no período por banhos energizantes de cachoeiras nessa viagem.
A pergunta que mais fizeram: há mosquitos na viagem? Quase não tinha. Levei muito repelente e quase não usei.
Calor: muito! Não recomendo a viagem no verão: Cuiabá ferve, Nobres é quente, o Malai também é quente. Porém, na Chapada, pela altitude, a temperatura despenca. Além disso, no Pantanal você fará passeio ao amanhecer ou de noite (venta gelado). Leve roupa de frio e calor!
Espero ter encorajado você a se abrir para um novo e, talvez, não pensado destino.
É uma região que merece ser visitada.
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Aviso aos passageiros 1: Saiba como chegar ao Pantanal, o que fazer e qual é a melhor época para ver animais no bioma, que está tanto em Mato Grosso quanto em Mato Grosso do Sul.
Aviso aos passageiros 2: Você gosta de pescar? A região é o destino favorito de paulistanos quando o assunto é fisgar peixes, segundo pesquisa Datafolha