Veja dicas para se virar na China, visitar a Muralha e conhecer parque montanhoso
A China, com sua história milenar e seus inúmeros pontos turísticos, está no imaginário de muitas pessoas. Tanto é que um relatório da empresa de pesquisa global Euromonitor International, do ano passado, aponta que até 2030 o país asiático será o destino turístico mais visitado no mundo.
O leitor Luís Paulo dos Santos ficou 28 dias na China a trabalho, em 2017, e agora compartilha suas impressões sobre a nação governada por Xi Jinping.
Para conseguir o visto, Luís Paulo precisou apresentar ao consulado chinês a carta convite da empresa para quem prestaria serviço, uma cópia das passagens e da reserva do hotel, e até o roteiro da viagem. Dentro do país, ele visitou a Muralha da China e o Yuntai Mountain, um parque montanhoso com cachoeiras, trilhas e templos budistas.
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Na chegada, a primeira impressão corresponde às parcas informações que temos da China. Inúmeros soldados, caras fechadas e muito controle. E é assim em todas as estações: de trem, rodoviária ou aeroporto. Nesses locais há revista, checagem de bagagem e detector de metais.
Para uma comodidade maior é aconselhável baixar o aplicativo Wechat (uma espécie de WhatsApp). Nele, você cadastra seu cartão de crédito –desde que seja internacional, obviamente– e assim consegue efetuar pagamentos por meio do QR code, além de ter acesso aos pontos de wi-fi públicos, principalmente nas estações.
A comunicação não é fácil, pois o inglês não é muito difundido e inclusive em locais turísticos é incomum encontrar atendentes que falem o idioma. Sempre peça no hotel para o pessoal escrever em um papel as informações que você pode precisar, como endereços. Aí é só mostrar para o taxista.
Em Pequim, é aconselhável pegar o mapa do metrô e utilizá-lo para locomoção, pois é muito barato e muito mais rápido, visto que os pontos turísticos são engarrafados. Além disso, muitos taxistas rejeitam os chamados quando são para esses lugares. Sim, você encontrará motoristas que se recusarão a levá-lo a locais onde tenha engarrafamento.
Observe sempre o sentido do metrô através das placas que identificam a estação destino e a estação de origem, pois no subterrâneo é muito fácil perder a noção de localização.
Para visitar a Cidade Proibida é fácil, pois ela está no centro da capital e você compra o ingresso no local sem dificuldades. Tem um ótimo restaurante no interior e muito espaço arborizado para descansar depois do almoço, já que é uma visita que vale a pena passar o dia. É muita coisa para ser vista: o Jardim Imperial, as Torres de Guarda, o Museu com os presentes recebidos pelos imperadores, as jóias e roupas imperiais –tudo muito lindo!
Para a Muralha, é recomendável agendar pelo hotel, pois alguns têm convênio com uma empresa de turismo que pega os hóspedes bem cedo e os traz de volta ao anoitecer. Entre as seções da Muralha que podem ser visitadas, há duas em especial: Badaling (tem melhor estrutura e é mais cheia) e Mutianyu (mais tranquila). No caminho, a empresa passa em outros locais para visitação. No trajeto para Badaling, visitamos a tumba do imperador nas montanhas e o Dibao Silk of Beijing, uma loja que tem dentro um museu da seda (bom local para compras da legítima e famosa seda chinesa), onde também é o local do almoço –já incluso no valor pago no hotel pelo passeio, assim como os ingressos. Para ir até a seção de Mutianyu, também visita-se os soldados de terracota.
Na muralha, escolha subir de teleférico (é mais rápido), porém prepare-se para uma longa caminhada em trilha íngreme. A muralha acompanha as curvas da montanha e os pontos mais altos são as melhores vistas. Leve uma mochila com alimentos e água, já que os locais para comer não são muito convidativos.
Pequim é uma metrópole com muitos locais para visitar, como o zoológico (Beijing Zoo), que é fantástico, e também pontos históricos e culturais. É uma cidade muito limpa, enquanto limpeza urbana, mas o ar é poluído e dependendo do tempo podemos sentir mais ou menos os efeitos.
Sobre alimentação, se você optar pela gastronomia local, esqueça a comida chinesa servida no Brasil, já que aqui ela é temperada para agradar nosso paladar. Lá é muito diferente, já que eles não utilizam sal e temperos, e pimentas são a base dos alimentos. Como há muitas redes de fast food ocidental por lá, se não lhe apetecer a culinária local, pode-se apelar para aquilo que já comemos por aqui. Até mesmo para comprar uma água é importante se informar e prestar atenção nos rótulos, pois são inteiramente em mandarim e tem muita água saborizada.
Não se assuste, mas você não encontrará policiais pelas ruas, no máximo agentes de trânsito. E nas estações será abordado pelos “táxis” clandestinos. Não recomendo utilizar esses serviços.
Jiaozuo, segunda cidade que visitei, fica a cerca 700 km de Pequim (2h20 de trem-bala). Recomendo ir o Yuntai Mountain, um parque montanhoso com cachoeiras, trilhas, templos budistas, passarela de vidro e muita natureza. O ingresso não é muito barato, mas vale a pena, pois você paga a entrada e lá dentro tem muitos ônibus subindo e descendo a montanha, levando as pessoas para os mais diversos locais a serem visitados. Como são todos longe uns dos outros, é melhor planejar seu roteiro lá dentro.
O deslocamento do centro da cidade até a montanha, bem como o retorno, deve ser feito de táxi, pois não tem ônibus até o local. Para pegar o táxi de retorno à cidade, deve-se descer numa parada antes da entrada do parque, que é o local onde ficam os veículos. Nessa cidade também tem muitos parques e shoppings para visitar, e os preços são convidativos.
As passagens do trem-bala devem ser compradas antecipadamente pela internet.
A China é um local com suas dificuldades de comunicação (poucos falam inglês e muitas placas em mandarim) e a alimentação requer cuidados, mas é um país muito bom de ser visitado, com uma cultura incrível e uma boa estrutura de estadia e locomoção. Não me arrependi e ainda quero voltar, pois quero ir a Xangai e Hong Kong.
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Aviso aos passageiros 1: Se você tiver apenas algumas horas para conhecer Pequim (por causa de alguma conexão), veja estas sugestões para aproveitar bem um dia na capital chinesa
Aviso aos passageiros 2: Caso você tenha mais tempo e queira aproveitar a viagem à China para “dar um pulo em outros países”, Hangzhou, no leste do país, tem uma réplica de Paris, com direito a uma torre Eiffel de 108 metros (a original tem 324)