Mochileiro cearense conta como é viajar pela África e pelo Oriente Médio

Já apresentei aqui o Lucas e a Eve, um casal brasileiro que está rodando pela Europa em um motorhome, o Rogerinho. Agora é a vez de mostrar a história do Davi Montenegro.

O mochileiro cearense está há 1 ano e 3 meses em uma viagem ao redor do mundo. Ele começou o tour na Rússia, durante a Copa do Mundo de 2018, e passou 5 meses na Europa. Depois, ficou 1 mês no Oriente Médio e mais 8 na África. Agora, há pouco mais de 1 mês, Davi está desbravando a Ásia.

O cearense registra os locais por onde viaja, com impressões, perrengues e dicas, em sua conta no Instagram (@cabeca.pra.baixo). Inclusive, em muitas de suas fotos Davi está literalmente de cabeça pra baixo, plantando bananeira. A mania começou anos atrás, quando ele estava aprendendo a dançar break, o que o inspirou a fazer essa manobra nas imagens e virou tradição.

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Cheguei ao Oriente Médio em Tel Aviv (Israel). Uma cidade incrível, que une o antigo ao muito moderno, tudo isso no litoral do mar Mediterrâneo. Junto com dois amigos alugamos um carro e viajamos ao redor do país. O destaque ficou para a visita ao mar Morto, tão salgado que é impossível afundar! Você consegue boiar literalmente em qualquer posição. A sensação é muito esquisita.

Depois visitamos duas cidades na Palestina: Ramallah e Bethlehem. Dado que só ouvimos notícias trágicas sobre a região, eu estava com bastante medo. Chegando lá um pouco perdidos, fomos ajudados e muito bem recebidos pelo povo palestino. Pessoal muito feliz de que a gente os estava visitando, no fim do primeiro almoço nos deram de sobremesa até sorvete de graça. Ficamos num apartamento Airbnb muito bom e bem localizado e a experiência toda foi bem diferente do que eu esperava encontrar.

A última parada no Oriente Médio foi no sul da Jordânia, onde fui às Ruínas de Petra, uma das sete maravilhas do mundo moderno. É uma cidade histórica e arqueológica, com muito da sua arquitetura esculpido diretamente nas pedras, algo fantástico de se presenciar.

No fim de novembro peguei um navio da Jordânia que atravessou um trecho do mar Vermelho chegando na Península de Sinai, no Egito. Era minha primeira vez pisando em solo africano. A partir daí meu plano era atravessar o continente de norte a sul, tudo de transporte público, chegando à África do Sul provavelmente 5 a 6 meses depois.

Acabou que alguns destinos pelo caminho me encantaram tanto que eu fui ficando mais tempo do que o planejado, mas finalmente 8 meses depois cheguei na Cidade do Cabo, na África do Sul. No caminho entre o Egito até lá atravessei os seguintes países: Sudão, Etiópia, Quênia, Tanzânia, Maláui, Zâmbia e Namíbia.

Quando decidi fazer esse trajeto no continente, confesso que estava com um bom medo. Sabemos muito pouco sobre esses países, e as notícias que temos são na sua maioria negativas. Tive surpresas muito boas, vendo vários lados da África que nunca vemos!

No Sudão encontrei um país muito pobre, mas com um povo extremamente carismático. É provavelmente o local menos turístico de todos os que já visitei, então ver um estrangeiro para eles é uma surpresa e querem fazer de tudo para agradá-lo. Ganhei caronas e até sobremesas de graça!

Na Etiópia fui surpreendido com o nível de desenvolvimento da sua capital, Adis Abeba. Prédios sendo construídos por todos os lados na região central da cidade. Acabei sendo convidado por acaso na rua e indo parar no estádio de futebol para assistir a um jogo do Campeonato Etíope. O jogo em si foi meio fraco, mas a torcida deu um espetáculo cantando sem parar os 90 minutos.

No Quênia tive a oportunidade de fazer um safári, vendo de pertinho animais na savana, seu habitat natural. Alguns eram abundantes, e para todo lado você via zebras, girafas, búfalos, javalis, gazelas, antílopes. Já outros, mais raros, nosso grupo deu sorte de avistar: leões, um guepardo (cheeta) e um dos mais raros da região, um leopardo! Este estava de boa comendo uma gazela em cima da árvore, surreal.

Na Tanzânia visitei praias lindíssimas na ilha de Zanzibar, do nível de beleza do Caribe. Nunca associamos África com praia bonita, mas o litoral leste do continente está cheio delas! Mar azul clarinho, areia branca, água de coco e muita música africana, incluindo batucadas!

O Maláui é um dos mais pobres da África, mas com belezas naturais e um povo sorridente. A região das margens do lago Maláui (um dos maiores do continente) é muito linda, com montanhas de um lado e o lago gigantesco, que parece até o mar, do outro.

Na Zâmbia visitei as Victoria Falls (Cataratas de Vitória) que ficam na fronteira com o Zimbábue. É um paredão muito largo com quedas d’água, incrível. Quando fui, a água batia com tanta força lá embaixo que subia de volta em forma de névoa e chegou a formar dois arco-íris ao mesmo tempo!

Na Namíbia visitei a remota tribo local Himba, no meio de muitos quilômetros de deserto. Eles ainda vivem como se estivessem décadas atrás. Nunca tomam banho, bebem água de um poço e são semi-nômades, vivendo da cria animal e migrando dependendo da época do ano para onde tem alimentos para os animais.

Chegando finalmente à África do Sul, parecia que eu tinha mudado de planeta: um país extremamente desenvolvido. Viajei pela bonita costa sudoeste, conhecida como Garden Route. Ainda tive a sorte de ver a etapa sul-africana do mundial de surfe em Jeffrey’s Bay, torcendo para os nossos atletas brasileiros! Gabriel Medina foi o campeão da etapa.

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Aviso aos passageiros 1: Caso você esteja pensando em cair no mundo, ou mesmo ir de férias a um lugar e tem receio, inspire-se na história da aposentada Josefa Feitosa, uma cearense que está na estrada há 2 anos

Aviso aos passageiros 2: O leitor Marcelo Lemos contou a este blog como foi escalar o monte Kilimanjaro, o ponto mais alto da África