Em viagem pelo Brasil, motociclista roda por Pantanal e Amazônia

Após um ano de pandemia decretada pela OMS, a vontade de cair na estrada só aumenta. Pode ser de avião, carro, moto, bike ou a pé, o que importa é mudar de ares.

O Thiago Guido (@guidaodemoto) já contou aqui como foi sua viagem de moto pelo sul da América e também quando cruzou estados do Sudeste e do Nordeste. Tudo a bordo de sua Honda Bros 160cc ano 2017.

A aventura mais recente dele, que diz viajar no estilo BR (Baixa Renda), foi pelo Centro-Oeste e pelo Norte, quando ele visitou o Pantanal e a Amazônia. Foram seis estados e muita lama no caminho.

Em tempos de coronavírus não é recomendado viajar e nem sair de casa. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Meu nome é Thiago Guido, tenho 40 anos e sou criador do canal no YouTube Guidão de Moto, onde compartilho viagens, passeios, cursos, dicas, acessórios e outras coisas do mundo das duas rodas, na esperança de incentivar sonhadores a se tornarem viajantes. Todas as minhas aventuras estão registradas em forma de filmes e séries.

Destinos como Pantanal e Amazônia fizeram dessa viagem uma das melhores que já fiz até hoje, cruzando dessa vez 6 estados, durante 12 dias, rodando um total de quase 7.500 km. Aqui vai um resumo do que foi essa grande aventura.

1º dia
Essa aventura começou na capital paulista e teve como destino primário Rondonópolis (MT). Como eram quase 1.400 km, a viagem foi dividida. Algo que me chamou atenção foi a enorme poluição passando por Santa Gertrudes (SP) e próximo de Araraquara (SP). Depois de quase mil km rodados no 1º dia e de cruzar a divisa dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, hora de estacionar, armar o acampamento e descansar. O local escolhido foi um posto de gasolina pouco antes de Chapadão do Sul (MS).

2º dia
O primeiro destino já estava muito próximo e deu para rodar bem mais tranquilo. Foram pouco mais de 400 km até Rondonópolis (MT), onde aconteceu um encontro sensacional com alguns youtubers da cidade que sigo há bastante tempo. Nesse dia a noite foi ótima, numa cama confortável, com direito a marmita, banho e ventilador.

3º dia
Anderson, amigo que deu apoio e hospedagem, seguiu junto na viagem com sua Tronado 250cc e o destino do dia foi Porto Jofre (MT), no coração do Pantanal. Um dos melhores trechos da viagem. Fizemos a travessia (ida) da Transpantaneira que começa em Poconé (MT). São quase 150 km de puro off-road na estrada com o maior número de pontes DO MUNDO!!! Depois de ver diversos animais, incluindo jacarés, ficamos hospedados no Rancho do Azevedo, local super agradável e, o melhor de tudo, tinha até ar condicionado.

4º dia
Saímos de Porto Jofre (MT) sentido Porto Velho (RO) e fizemos novamente a travessia da Transpantaneira (volta). Novamente vimos diversos animais e foi super divertido, inclusive ter que passar em uma ponte em manutenção com um buraco ENORME e bem perigoso. Em Poconé (MT) me despedi do Anderson e segui viagem. Perto das 5 horas da tarde foi hora de estacionar, montar acampamento, fazer o jantar e dormir. A noite foi ótima. Nesse dia a saudade da família começou a apertar. Chorei de saudade do meu filho.

5º dia
Barraca desmontada, hora de continuar a jornada e ainda faltava muito para Porto Velho (RO). Depois de rodar bastante, a hospedagem ficou por conta do Furão, um companheiro de estrada dono de uma oficina de motos em Ji-Paraná (RO). O hotel foi lá mesmo, no meio das motos, dentro da oficina. Jantamos e a noite foi agradável, com dois ventiladores que fizeram até frio.

6º dia
De lá o destino era Realidade (AM), já no trecho de terra da BR-319. Depois de quase ficar sem gasolina, abasteci em Humaitá (AM) e já estava no meio da selva amazônica. Ao parar para ouvir a natureza, um silêncio energético. Logo depois de 50 km de puro off-road, ainda no início da noite a barraca já estava montada no posto de gasolina de Realidade (AM). Nessa noite minha tomada USB e o fio de carregar meu celular estragaram…

7º dia
Camping desarmado, galão de gasolina extra amarrado na motoca, hora de desbravar a BR-319. Foi aí que começaram os problemas. Estava de pneus mistos e tinha chovido forte a noite INTEIRA. Foi difícil. Depois de mais de 100 km, cruzando pick-ups com lama acima do capô e com a turma rindo da situação, foi hora de aceitar a derrota. Naquelas condições, infelizmente a travessia da BR-319 seria impossível. Seria OBRIGATÓRIO o uso de pneus de trilha… Moto virada. Hora de voltar. Não deu nem 100 metros e levei um tombo. Minha sorte foi uma pick-up vindo no sentido oposto que parou para me ajudar a levantar a moto. O sentimento de frustração tomou conta, mas, ao mesmo tempo, certo de que foi a melhor decisão, pensando na integridade física minha e da moto. Não teve jeito além de ir a um hotel em Humaitá (AM) para esfriar a cabeça e refletir.

8º dia
Passei numa oficina para arrumar a tomada da moto e já tinha comprado um novo fio para o celular. Comecei a voltar sentido São Paulo, numa rota muito similar à que fiz na ida. Segui sentido Ji-Paraná (RO) e dormi dessa vez na garagem da casa do Furão. Chuva em 80% do trajeto, coisa que não tinha acontecido até chegar a Realidade (AM). Nesse dia perdi a válvula do meu colchão e tive que buscar outras opções para dormir.

9º dia
Da casa do Furão segui para Cáceres (MT), rodando mais de 800 km com bastante chuva no caminho. Jantar foi um sandubão e a cama foi de um hotel atrás de um posto de gasolina.

10º dia
De Cáceres (MT) segui para Rondonópolis (MT) novamente, porém passando pela Chapada dos Guimarães. Que lugar fascinante. Parei para conhecer a cachoeira Véu da Noiva e segui desejando a deliciosa marmita que o Anderson tinha comprado e estava lá me esperando para devorá-la. Noite boa de novo. Bate-papo divertido com o parceiro e com cama boa para descansar.

Durante sua viagem de moto, resolveu conhecer a cachoeira Véu da Noiva, na Chapada dos Guimarães (Arquivo pessoal)

11° dia
Era o penúltimo dia de viagem. Fiz um pequeno desvio para entrar no estado de Goiás e segui firme. Já eram 5 horas da tarde quando decidi que, como era a última noite da viagem, eu dormiria bem. Descolei um hotel em Santa fé do Sul (SP), com piscina, e fiquei igual criança. Nadei, vi TV, usei internet, tomei banho quente e tudo o mais. Delícia.

12° dia
Último dia de viagem, faltavam apenas 600 km, porém meu kit transmissão estava acabando depois que minha suspensão traseira também acabou na viagem após tanto off-road. Faltando 300 km para chegar em casa, a relação acabou de vez e a moto parou. Minha sorte é que estava em estrada pedagiada. Liguei e pedi o guincho. Ele chegou e levei a moto para um posto, onde um cara já estava me esperando com uma pick-up para levar a moto na oficina. Depois do passeio de carro, relação trocada, hora de finalizar essa aventura.

Foram exatos 7.463 km rodados no painel e muita história para contar. Isso aqui foi só um resumo e você pode conferir tudo no canal Guidão de Moto no YouTube. Lá tem uma série com 12 episódios sobre a viagem.

Um grande abraço e bons ventos.

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Aviso aos passageiros 1: Se você gosta de viajar de moto, tem também o relato dos amigos Leandro Mercali e Edevir Zaccaria, que viajaram de moto entre Brasil, Uruguai, Argentina e Chile

Aviso aos passageiros 2: Se a sua pegada é rodar de carro, tem a história do casal Tainá e Thiago. Eles estão viajando pelo país com a kombi Penélope. Assim como Lucas, Maíra e Figueredo, seu Land Rover Defender