Costa dos Corais, no litoral de Alagoas, é destino único e inesquecível
O litoral alagoano, com suas belezas naturais, já foi “vendido” aqui no Check-in pelas palavras do jornalista Lucas Bicudo, quando ele escreveu sobre a Praia do Francês.
Desta vez, ele veio nos apresentar (e presentear) o litoral norte do estado. E, de brinde, inúmeras fotos que poderiam estar como fundo de tela do computador.
Em meio à pandemia e ao distanciamento social, o texto a seguir, com suas imagens, é uma boa inspiração.
Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.
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Ouvi de alguém, enquanto comia um grude de beira de estrada no meio do litoral norte de Alagoas: “que a paz infinita me encontre em seus coqueirais e que a luz da esperança reflita nas águas limpas que mostram seus corais”. Achei poético.
Mas eu estava ali, no capô de um carro alugado cansado, na estreita AL-101 –comprimida, talvez, pela maior síntese que temos no Brasil de beleza tropical–, sendo esbofeteado de mão aberta com uma variação impressionante de tons de verde e azul que compunham ao redor.
O litoral norte daqui de Alagoas é fundo de tela do Windows. É daqueles lugares que o horizonte até assusta. Serotonina pura: inibição de mau humor, qualquer tipo de agressividade. Endorfina pura: bem-estar, prazer contínuo.
Fiz um roteiro pela chamada Costa dos Corais, que é tudo que vem ao norte de Maceió até Pernambuco, em 2018, mas foi antes de me mudar para cá e morar na Praia do Francês. Era a primeira vez no Nordeste, em um mundo pré-pandêmico.
Bem, de 2018 para 2021 passaram-se aproximadamente 45 anos –não sei se para frente ou para trás. Mas o fato é que, hoje, um pouco mais contextualizado e inserido na expressão cultural daqui, decidi pegar a memória afetiva do repertório que tinha, da novidade, e revisitá-lo com um olhar mais clínico, da experiência, adicionando algumas figurinhas para a coleção e criando um roteiro mais alternativo.
Estamos vivendo um dos períodos mais tristes da nossa história. E um ano depois dessa quebra total de paradigmas, você vai aprendendo a ter alteridade pelos diferentes contextos sem brandar aos ventos palavras maniqueístas.
Vou exemplificar. Sou de São Paulo. Aprendi que é uma cidade extremamente claustrofóbica. Embora, se comparada a Maceió, dê um banho no incentivo de ocupação pública, continua sendo uma cidade claustrofóbica. Tudo é estrutura, tudo tem quatro paredes. No contexto da pandemia, isso é catapultado lá pra cima.
Aqui não. Aqui é diferente. É uma surra de natureza. Mesmo estando na capital ou próximo dela, viver, simplesmente existir, já é estar mais em contato com planos angulares, planos mais abertos. Em um estado com um litoral de 229 quilômetros e mais de 30 praias de todos os tipos, você está sempre em contato com um panorama absurdo e –aqui vem o cerne da questão– opções mais inauditas para conhecer tomando as devidas precauções. Tem hora que a cabeça cede. Hoje eu vivo em um lugar em que eu posso minimamente fazer isso respeitando o espaço da proporção e do cuidado.
Essa era a missão. Principalmente para produzir um conteúdo responsável e responsivo. Entender o momento que estamos vivendo –o roteiro foi feito em uma semana ainda em janeiro de 2021, quando os números estavam “um pouco mais otimistas”–, explorar um Alagoas mais alternativo e trazer as impressões dos detalhes que compõem o litoral norte e o tornam um destino único e inesquecível.
Características da Costa dos Corais, o litoral norte de Alagoas
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APA) é a maior unidade de conservação federal costeiro-marinha do Brasil. São 120 quilômetros de extensão, formado por 440 mil hectares, que passam por 13 municípios, de Tamandaré, em Pernambuco, até Maceió, Alagoas.
No caminho, de Pernambuco para Maceió, o ecossistema costeiro banha as cidades de Barreiros, São José da Coroa Grande, Maragogi, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe, Barra de Santo Antônio e Paripueira.
Formada por três sistemas distintos, a Costa dos Corais ainda avança 33 quilômetros mar adentro. A Mata Atlântica, na área terrestre, o manguezal, formado pela foz dos rios e a floresta submarina.
A subida da maré leva as águas salgadas para o leito do rio e avançam nas suas margens, atingindo a floresta; no retorno, carrega as folhas e outros materiais orgânicos para o leito do rio, transformando esse material em proteína para o alimento dos peixes e outras espécies aquáticas. Ali, é comum encontrar camarões, lagostas, polvos, uma grande variedade de peixes e até mamíferos grandes, como o peixe-boi.
Em Japaratinga, existem espécies ameaçadas de extinção em volume gigantesco, como uma coleção de recifes de corais do tipo cérebro.
Maragogi é tudo isso mesmo que falam? Vale se hospedar por lá?
O grude da beira da estrada já era um papel melequento que derretia com o sol que entrava pela janela. Já estava próximo de Maragogi, a cidade escolhida para ser sede da viagem. A ideia era conhecer o resto do litoral de cima para baixo, de Maragogi para Maceió. São 127 quilômetros que separam as duas cidades.
Existem duas formas de chegar até lá. Ir pela Rota dos Milagres, costeando as praias e pegando uma balsa para atravessar de Porto de Pedras para Japaratinga; ou indo por cima, logo depois de São Luís do Quitunde, sem descer para Passo de Camaragibe.
A primeira opção é mais longa, mas é mais bonita e razoavelmente mais segura. A segunda opção é mais rápida, mas não é moleza não. Vá a passeio e viaje pelo dia: as condições da estrada não são boas. Chega a ser um descaso a rodovia que conecta a principal cidade do estado para seu principal ponto turístico estar naquelas condições.
A escolha de hospedagem em Maragogi foi uma confluência de fatores, que me levaram até lá. Não nos cabe aqui discuti-los, mas, categoricamente, digo que foi um erro. Não pelo lugar em que me hospedei.
Aluguei um apartamento completo no Flat Marbello, por R$ 150 a diária. Com cozinha, uma cama de casal e uma cama de solteiro. Foi bem bacana a experiência. Ele fica bem na entrada da cidade, na praça Júlio Uchoa, e bem perto do centro, de onde partem todos os passeios da cidade. Além desse apartamento completo, eles também possuem opções com duas camas de solteiro ou com uma cama de casal, menores, só quarto mesmo. A diária para esses está na casa de R$ 80.
Se hospedar em Maragogi foi um erro em alguns sentidos. O primeiro eu já previa, que era se acomodar –embora eu ficaria pouco por lá– na cidade que leva o nome de Alagoas por todo o país. Mesmo em pandemia, a cidade estava cheia. Imagino o que é aquilo em um verão sem restrições. Esse é o ponto um. É um lugar movimentado.
A consequência disso é a infraestrutura para receber todo esse movimento. Maragogi não tem. É uma cidade em construção. Você observa isso nos batentes das casas, dos estabelecimentos. É uma cidade que está crescendo, evoluindo, mas ainda não atende o gigantesco volume de procura pelo destino, principalmente depois dos estímulos midiáticos para a região, iniciado pelos pacotes CVC, pela construção de resorts e pelo aquecimento do destino São Miguel dos Milagres.
Sobrecarrega, desequilibra e a corda estoura para algumas coisas que eu não consigo passar batido: redes de esgoto indo parar diretamente na praia –vou usar letras garrafais: AQUELA PRAIA!
Um último e não menos importante ponto de atenção é que Maragogi fica em um dos extremos do litoral. Ficar hospedado em uma localização mais estratégica, mais central, seria uma opção melhor para conhecer mais praias pela Costa dos Corais.
Maragogi decepciona por conta disso. Você tem uma praia paradisíaca, é um dos lugares mais bonitos do mundo, mas o mínimo de estímulo que existe está nos braços de seu povo, que tenta ter uma vida melhor enquanto um monte de turistas por lá transitam. De resto –segunda vez que eu uso essa palavra– descaso total. Você tem um bem danado em suas mãos e não cuida.
Mas falo tudo isso por saber que eu também queimei a língua em outras coisas. Como por exemplo:
O que você precisa fazer ao visitar Maragogi (roteiro de 2 dias)
Piscinas Naturais
Piscinas naturais. Se o tom estava pesado para Maragogi, agora a brincadeira muda. As piscinas naturais de Maragogi não são desse mundo. É uma fenda no espaço-tempo em que corre um líquido divino de rejuvenescimento e vida. É impressionante.
Aqui tem outro ponto de atenção. Se você escolheu ir para Maragogi é porque já deve ter visto alguma coisa de lá que te impressionou. Águas cristalinas, peixes nadando ao seu lado, croas de areia cortando o mar. São nas piscinas naturais que você encontra isso. A praia na encosta de Maragogi é leitosa. Não é uma água transparente; é uma coisa mais carregada, turva. Ainda é um absurdo? É um absurdo. É aquele azul berilo inconfundível, alagoano, sem essa de caribe. É um azul do Brasil, lindo, mas leitoso, mexido.
Para ir até as piscinas, você pega uma jangada –pelo preço de R$ 100 a cabeça– e vai até o meio do mar, onde uma barreira de corais cria um complexo de floresta subaquática que você pode nadar e mergulhar livremente.
Vale também dizer que o passeio das piscinas naturais funciona dentro da regra de ouro de Alagoas: é durante a maré baixa. Por isso, se programe para fazer no momento em que a maré estiver secando. Você pode acompanhar a tábua de marés de Maragogi pelo Tideschart.
Praia de Antunes
Vamos tirar uma coisa da frente: Maragogi não tem só a praia do centro de Maragogi –e o lasco que eu descasquei. Tem Barra Grande, Ponta do Mangue, Burgalhau, Peroba, Xaréu. A questão do esgoto, por exemplo, é rapidamente resolvida indo para qualquer uma dessas praias vizinhas.
Elas ainda terão todo o aspecto paradisíaco e você pode se esbaldar. Confesso, entretanto, que achei todas razoavelmente parecidas. Longe de reclamar. Mas uma delas achei a exceção da regra, o ponto fora da curva: Praia de Antunes, ao norte de Maragogi.
Antunes é uma praia diferenciada. Sabe a questão da orla ser leitosa? De encontrar água cristalina só nas piscinas naturais? Antunes, quando está seca, fica cristalina cristalina (perdoe-me a redundância no texto, mas é pela força da expressão). É um –usando pela terceira vez a palavra, mas agora com o sentido totalmente oposto– descaso total. Você fica lá jogado, numa piscininha cristalina. Descaso. Desbunde. Vale um dia todo por lá.
Tem um único contraponto, que tem seus lados para serem ponderados. Ela é uma praia que você precisa entrar pelos coqueirais para chegar. O estacionamento costumava ser lá na frente, mas como é uma das praias mais famosas da região, para preservá-la, decidiram recuar o estacionamento para espaços na beira da estrada.
Não são bem planejados e às vezes só te resta o acostamento. É perigoso, além de custar na mão das pessoas que assumiram ali uma posição de cuidar do seu carro. Mas, no fim, a praia está sendo preservada. Reparar um estacionamento é infinitamente mais sensato do que reparar um impacto ambiental.
Aqui também está dentro da regrinha: aproveite para conhecer durante a maré baixa. Por isso, se programe para fazer no momento em que a maré estiver secando. Ali em cima tem o link para acessar o site de tábua de marés.
Esse é o motivo de separar dois dias para conhecer Maragogi. São dois passeios de maré baixa. Piscinas naturais e Antunes. Não faça na correria, aproveite para se esbaldar com a praia bem sequinha. Esse é o charme.
A terceira e consequente indicação você consegue fazer quando quiser. É para encerrar o dia bem.
Pôr do sol no mirante de Maragogi
Para além disso, Maragogi entrega também um pôr do sol bem impactante. No Mirante de Maragogi, alguns quilômetros ao lado da entrada da cidade, sentido Japaratinga, você poderá ver do alto de um morro o sol caindo atrás de um vasto campo de coqueiros.
Normalmente, o pôr do sol de praia é assistindo ao sol caindo por detrás dos coqueiros, porque você está na praia. Seu ponto de visão é de baixo. Esse daqui é de cima. Você tem uma dimensão do tamanho real e da extensão do coqueiral e uma visão privilegiada do sol caindo sobre o horizonte. Vale a pena terminar o dia por lá.
Mais do que isso –piscinas naturais, Praia de Antunes e pôr do sol no mirante–, Maragogi não tem necessariamente minha recomendação. É lindo, claro, mas o interessante ficou mesmo para o que estava reservado para os próximos dias.
Estrutura de serviço de Maragogi
Pelo momento em que estamos vivendo, não me aventurei por aí para conhecer bares e restaurantes ou serviços de praia. Mas algumas coisas precisam ser pontuadas: tanto Maragogi quanto Antunes possuem toda a infra necessária para que você passe um dia por lá munido de serviços básicos. Caso opte por desbravar os cantos mais isolados e por lá sua canga estender, é sempre bom levar um lanchinho e muita água.
Bitingui: charme e tranquilidade em Japaratinga (roteiro de 1 dia, mas que pode ser até 2)
Se Maragogi é uma cidade em construção, nada parece finalizado, Japaratinga já tem uma cara. E é uma cara muito charmosa. Vila de pescador, tempos de outrora, de um povo que tem uma relação anímica com aquelas águas.
Entre Maragogi e Porto de Pedras, são seis as praias de águas em tons verde-esmeralda de Japaratinga. Dirigir pelos 15 quilômetros de extensão beira-mar é uma experiência que já vale a pena passar. Por ter uma geografia acidentada, ao longo do percurso existem diversos mirantes, que valem a pena parar só para se espreguiçar e respirar fundo. É tudo muito bonito. É um spa para a alma. Tudo te estimula.
Passados os dois primeiros dias de viagem, a escolha para parar na sequência foi pela praia de Bitingui, já no extremo sentido Porto de Pedras.
Decidi atracar no Camboa, um restaurante-bar pé na areia, que serviu de base para consumir uma coisinha ou outra ao longo do dia. Além de funcionar como estacionamento, a infraestrutura é uma delícia e os preços são ótimos. Você consegue comer um bom peixe, por exemplo, numa base de preço de R$ 85; já bebida, uma caipirinha sai por R$ 9 ou uma cerveja por R$ 11.
Para conhecer Japaratinga toda, você precisa de no mínimo três dias. Para conhecer o Bitingui, é um dia de praia que é necessário, mas fica aqui o apelo para um segundo. Eu quero muito conseguir transmitir com essas palavras o sentimento de tranquilidade que lá passava. Se tinha dez pessoas por ali, era muito. Era uma praia paradisíaca, vazia, com uma sombra primorosa projetada pelos coqueiros.
Fiquei horas. Deitado, de bobeira. Andando, explorando. Mas mais do que tudo isso, sempre na cabeça pensando quando seria a próxima vez que eu estaria ali, porque é difícil abrir sua mente para um lugar desse e não voltar a viver aquilo. Tanto que rendeu um segundo dia. Fizemos dois dias de Bitingui, tamanho foi o envolvimento com a paz que aquele lugar trazia.
A recomendação de hospedagem em Japaratinga, como alternativa para Maragogi, é o aconchegante Bitingui Praia Hotel. Com uma arquitetura discreta e horizontal, que não impacta na silhueta da praia, você pode ficar em um dos chalés ou apartamentos com vista para o mar. As diárias variam conforme o período do ano, mas um apartamento duplo (com duas camas de solteiro ou uma de casal), fica mais ou menos na casa de R$ 300. Existem espaços maiores conforme sua pretensão, se estiver em família, com amigos.
Dizem que Japaratinga é o primo tímido de Maragogi. Só de escrever essas últimas palavras já achei mais dois ou três motivos para te recomendar ficar em Japaratinga e não em Maragogi. Tranquilidade, mais calma, uma gastronomia interessante, opções de hospedagem mais atrativas, natureza mais viva. Não é o primo tímido. E a beleza de Alagoas é essa. Em uma distância de 10 quilômetros que os separam, você tem duas das praias mais bonitas do Brasil.
Se você está procurando agito, vá para Maragogi e conheça Japaratinga. Se você está procurando tranquilidade, como o momento pede, vá para Japaratinga e passe por Maragogi.
Descendo mais ainda para além de Bitingui, atravessando a balsa do farol de Porto de Pedras, no ponto onde o mar encontra o rio Manguaba, já tinha traçado a próxima parada, no nosso quinto dia de viagem.
Estrutura de serviço de Japaratinga e do Bitingui
Japaratinga é muito conhecida por ter uma gastronomia bem autêntica e local, coisa de vila de pescador. Pela cidade, você certamente irá achar o que precisa para sanar quaisquer necessidades que tiver. Novamente, pelo momento em que estamos, não me aventurei por esse tipo de experiência. Verdade que acabei usando o serviço de praia do Camboa como base no Bitingui, mas lá é uma coisa muito mais isolada, e que me permitia estar usufruindo da estrutura do lugar em um canto mais meu. De certa forma, o que tenho para falar aqui serve da mesma maneira que pontuei em Maragogi: você encontrará tanto em Japaratinga, quanto no Bitingui, toda a infra necessária para que passe um dia por lá munido de serviço básico. Bateu fome, tem. Quer beber algo, tem.
Igualmente: caso aproveite a praia com a sua canga, mochila e o sonho do mundo nas costas, leve lanche e muita água. Essas ponderações são importantes para os próximos destinos, que você precisa de fato se preparar para passar um dia com tudo tranquilo.
Tatuamunha: praia, rio e o santuário da Costa dos Corais (roteiro de 1 dia)
Tatuamunha leva a alcunha de santuário. Beatificação. Não por menos. Vou introduzir só com uma foto.
O povoado de Tatuamunha fica em Porto de Pedras, no norte da Rota dos Milagres. O rio Tatuamunha atravessa uma área manguezal até chegar na praia mais surpreendente e absurda que conheci aqui em Alagoas e na minha vida.
Esse estuário, conhecido como Boca do Rio, é tão rico e poderoso, que cada vez que você visita você o encontra de uma maneira distinta. Na maré baixa, quando o mar seca e o rio avança, você encontrará na praia os tons de azul mais indescritíveis.
No rio, a água fica mais escura, de rio mesmo, e há mais chances de esbarrar com um peixe-boi, nativo da região, nadando feliz e livremente. Na maré alta, toda a água do mar entra para o rio –perfeito para quem gosta de tomar banho em rio com água salgada e cristalina.
Com a maré secando, vale cair no rio um pouco para cima e deixar a correnteza te levar até o encontro com o mar. Queria ter feito com uma boia. É uma experiência bem gostosa, de estar no ponto de intersecção entre duas forças que pintam uma das mais belas paisagens de Alagoas.
O roteiro para Tatuamunha, caso esteja de passagem, é preciso de um único dia. São duas experiências diferentes: a da maré cheia e a da maré seca. Se o dia amanhecer com a maré cheia, aproveite para tomar banho de rio e, conforme ela for secando, você vai para o mar. Se o dia amanhecer com a maré baixa, comece pelo mar, e, conforme ela for enchendo, vá para o rio.
Estrutura de serviço de Tatuamunha
Como disse, estou pontuando essa questão da estrutura de serviço, porque aqui em Tatuamunha é o caso que você vai precisar encher o porta-malas. Faça um cooler com bebidas, prepare o lanche para o dia todo. É um diamante. Um canto inexplorado. Faça seu piquenique e certifique-se de não deixar nenhum lixo para trás.
Passo de Camaragibe: praia deserta e hotel fazenda no campo (roteiro de 1 dia)
No outro extremo da Rota dos Milagres, sul em direção a Maceió, Passo de Camaragibe, nosso destino no sexto e último dia, que fechou a semana na estrada, é outra daquelas gratas surpresas, principalmente por, em questão de poucos quilômetros, te proporcionar uma experiência em uma praia totalmente deserta e outra em um hotel fazenda no meio dos morros da pequena serra que desce até essa parte do litoral.
Suas praias, Barra de Camaragibe e Praia do Marceneiro, quilômetros 0 e 3, respectivamente, da Rota dos Milagres, valem demais a parada. Embora um pouco mais discretas em exuberância se comparadas às já mencionadas por aqui, a Praia do Marceneiro, por exemplo, possui um passeio de piscinas naturais mais intimista e tão impressionante quanto. Já Barra de Camaragibe foi a vez que mais vi uma praia seca durante minhas andanças aqui por Alagoas.
Praia dos Morros
O que acontece é que antes do quilômetro zero, em Barra, quando a estrada faz a curva bem no encontro do Rio Camaragibe com o mar, você pode fazer uma travessia na direção contrária, passando pelo rio e chegando na Praia dos Morros, um paraíso deserto.
Para atravessar, o barco custa em média R$ 10 por pessoa, ida e volta. Tenha dinheiro em mãos e chegue cedo, porque a última travessia acontece lá para as 15h30.
Você pode também pegar uma bicicleta, atravessar de barco e fazer um passeio pelo lado lá. Há algumas pessoas que disponibilizam o serviço e te guiam por um tour até as falésias da Praia dos Morros. Para mais informações, você pode falar com o Toninho, que está presente no Instagram e pode te ajudar. O valor do passeio custa em média R$ 60 por pessoa.
Estrutura de serviço da Praia dos Morros
A Praia dos Morros é totalmente deserta. Se você for para fazer o passeio de bicicleta, esteja munido de água. Bastante água. Se for para aproveitar algumas horinhas por lá, se prepare o suficiente para ter o conforto necessário. Não tem nenhum tipo de infraestrutura por lá.
Hotel Cambará
Uma semana de praia intensa castiga. Eu já estava que nem o saco daquele grude, definhando no banco enquanto o sol batia forte. Por isso decidi incluir o Hotel Cambará nesse roteiro. Foi que nem passar um hidratante em uma pele ardida.
Passei a manhã toda na Praia dos Morros e me aventurei no meio da pequena serra que liga Barra de Santo Antônio a Passo de Camaragibe. É um tipo completamente diferente de experiência. Você tem uma experiência de fazenda, daquele clima bucólico –só que a 9 quilômetros da Rota de Milagres, daquela surra de praia.
Achei um tipo de hospedagem interessantíssimo para o lugar. Foge de 99% do que é oferecido como opção. Você consegue se desconectar do combo sal-areia e aproveita um hotel fazenda que, pasmem, chega a fazer um friozinho à noite dependendo da época do ano. Você tem esse conforto como sede e pode equilibrar com uma oferta de praias gigantesca.
A pernoite do Cambará, para um casal, começa em torno de R$ 250, com café da manhã incluso. Para uso diário, caso queira curtir as instalações do hotel fazenda, fica R$ 49,90 para adultos e R$ 14,90 para crianças abaixo de 10 anos. Passei meio dia e almocei um carneiro guizado espetacular. Vale a pedida.
Gigante pela própria natureza
A Costa dos Corais é gigante por sua própria natureza. É aquela sensação de se pegar mais de uma vez olhando para qualquer coisa e tentando processar estar ali de fato. É coisa de filme, é coisa do limite da imaginação. Feche os olhos e pense em algo paradisíaco. Sua cabeça vai te levar para lá. Agradecido pela oportunidade de experimentar e pelo esforço daqueles que lutam para manter tudo isso vivo.
Manter para garantir a conservação dos recifes coralígenos e de arenito, com sua fauna e flora; manter a integridade do habitat e preservar a população do peixe-boi marinho; proteger os manguezais em toda a sua extensão, situados ao longo das desembocaduras dos rios, com sua fauna e flora.
Mais do que isso: ordenar o turismo ecológico, científico e cultural, e demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental, para além, incentivar sempre as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional.
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Aviso aos passageiros 1: Longe do mar, mais precisamente no interior goiano, é possível fazer uma peregrinação pelo Caminho de Cora Coralina e ainda conhecer mais sobre a poetisa local
Aviso aos passageiros 2: Conhecido por ‘Mar de Minas’, Capitólio recebe bem tutores e seus pets em paisagens paradisíacas