Na estrada desde 2017, família preta viaja de Kombi com destino ao Havaí
A comunidade de viajantes de Kombi é grande no Brasil. O Check-in, por exemplo, já contou a história dos casais Tainá/Thiago e Juliana/Gustavo, que estão percorrendo as estradas brasileiras com esse que é um veículo amado por muita gente.
Hoje, o blog vê aumentar a família de amantes de Kombi, e com a experiência de uma família. E o legal é que os Barros (@familyontheroad21) trazem diversidade para a comunidade viajante, já que, além de serem negros, estão levando duas crianças para conhecer o Brasil.
A ideia não é ficar só aqui no país, e sim rodar até o Havaí.
Na estrada desde 2017, Thaisa, Fellipe e seus filhos viajaram pelo Sudeste antes de passarem um bom tempo desbravando a Bahia.
Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.
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Uma família preta viajando de Kombi rumo ao Havaí. Repetindo: uma família preta viajando de Kombi rumo ao Havaí. É verdade esse bilhete!!!
Em 2017, o despertar. Para uns, loucos. Para outros, gênios. E assim partimos certos de que sim, a vida vale mais que uma carga horária de 40 horas semanais e uma conta que nunca vai fechar.
Ela, socióloga, ativista do útero, puérpera, amamentando os dois ao mesmo tempo, professora, terapeuta, palestrante, apresentadora de TV: uma empreendedora convicta e multipotencial assumida. Ele, deficiente, educador físico, atleta paralímpico de triatlo, mestre em política pública e formação humana, terapeuta, músico, compositor e outras tantas coisas mais.
Juntos nos tornamos mestres em “sevirologia”, sempre ali na ponta da criação e das infinitas possibilidades que a nossa escolha em sermos uma família negra e nômade pudesse nos trazer. Aprendemos na jornada que o melhor de nós está em dividir o que somos e não só o que fazemos.
E algumas perguntas que nunca faltam: “Como vocês se sustentam?” “E a escola das crianças?” “Por que o Havaí?”
Então, vamos lá: partimos em 2017 do Rio de Janeiro para Ubatuba, onde passaríamos um tempo numa ecovila que não deu certo. Daí fizemos algumas cidades e capitais do Sudeste e seguimos rumo ao país chamado Bahia.
Com o tempo, percebemos que, para a experiência que queríamos com essa viagem, precisávamos de mais dias em cada cidade, além de ser bem mais econômico. Adotamos, então, o slow travel como modelo de viagem. Assim, criamos laços mais duradouros com a comunidade e o próprio lugar, e nos hospedamos em locais incríveis com um preço mais justo.
O lema aqui é: sermos nativos do mundo todo. Estamos seguindo o plano.
Já rodamos a Bahia de norte a sul, leste a oeste, estivemos em cidades do sertão, do recôncavo baiano, do litoral norte e litoral sul, e nossa Salvador, é claro! Daqui seguimos pelo litoral nordestino, saímos do Brasil pelo Norte e viajamos pelas Américas até o México. Depois, Los Angeles e, logo ali, o sonho: Havaí.
E com que dinheiro vocês vão fazer isso tudo? Bora lá: saímos da corrida de ratos onde deixamos tudo para “um dia quando eu tiver dinheiro”, ou “quando eu me aposentar”, ou… ou… ou…
A vida é agora e perrengue não tem nos faltado, mas vivemos o presente com tudo o que ele pode nos dar e um dos maiores aprendizados tem sido —anota aí—: o suprimento do Universo é invisível. Maaas, vão aí alguns dos nossos corres: atendimentos terapêuticos, cursos, palestras, brincantes, shows. Temos também o Brownie Viajante e, é claro, na busca constante por patrocínio para nossos projetos pilotos: a família viajante, o paratriatleta e a apresentadora de TV.
Quanto à escola das crianças, somos educadores por natureza e também de formação acadêmica e optamos por desescolarizá-los e ensiná-los em casa. Isso bem antes do que hoje o mundo inteiro viveu como única opção devido à pandemia. E não sei se vocês sabem, mas a primeira socialização, ou seja, a primeira infância, deve ser feita pela família. O tal primeiro setênio. Assim seguimos o roteiro, embora o diferente aqui é que somos uma família preta.
Ahhhhh e o Havaí? E por que não o continente africano? Bem, volta duas casas. Voltou? Estamos viajando de Kombi e uma primeira versão da viagem pelas Américas e por terra ficou bem mais ” fácil”, e é óbvio que a segunda temporada será em solo africano. Além disso, o papai paratriatleta se desafiou a ser o primeiro e talvez único deficiente a completar uma prova de ultralongadistância e a prova é no Havaí, em outubro de 2023. Na primeira temporada a meta era chegar nas Paralimpíadas de Tóquio, mas a sua deficiência não foi incluída nas categorias e ele ficou fora da disputa.
Nosso propósito é ocupar também lugares onde não encontramos os nossos iguais. Cansamos de ser a única família preta no rolê. E não venha nos falar em sensacionalismos e tente se recordar: quantas famílias pretas você viu nas redes sociais, nos canais de comunicação, num site de notícias, que vivem a vida viajando?
Eis mais um dos nossos porquês. E quanto ao legado pros nossos pequenos, hoje com 7 e 5 anos, é que nada e nem ninguém pode definir quem eles são ou o tamanho dos seus sonhos. Eles, e você também que nos lê, podem ser, fazer ou ter o que quiserem. Ouse sonhar e mais ainda ouse realizar!
A vida pede mais.
Saiba mais dessa jornada em @familyontheroad21.
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Aviso aos passageiros 1: Quem também caiu na estrada de carro é o casal Lucas e Maíra, que passou a viajar pelo país durante a pandemia
Aviso aos passageiros 2: Caso você seja do time que gosta de escutar podcasts, aqui está uma lista com 9 opções para quem faz mochilão, viagem de carro ou é nômade digital