Check-in https://checkin.blogfolha.uol.com.br Relatos de turistas, dicas e serviços de viagem Wed, 01 Dec 2021 12:49:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Checkout https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/12/01/checkout/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/12/01/checkout/#respond Wed, 01 Dec 2021 12:49:26 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/mochilao-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=833 Caro viajante/leitor,

O blog está fazendo checkout desse endereço. Mas não se preocupe, porque o check-in já foi feito em outro lugar da própria Folha. É só acessar www1.folha.uol.com.br/blogs/check-in/ para continuar lendo tudo que o Check-in publica.

De qualquer forma, os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos, relidos e continuarem a inspirar você a viajar.

Clique a seguir para ler o novo texto do blog:

Não existe um jeito superior de viajar, diz autora de livro

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Autora de livro sobre a China, baiana relembra como foi viajar ao Tibete https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/10/13/autora-de-livro-sobre-a-china-baiana-relembra-como-foi-viajar-ao-tibete/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/10/13/autora-de-livro-sobre-a-china-baiana-relembra-como-foi-viajar-ao-tibete/#respond Wed, 13 Oct 2021 13:25:46 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/IMG_1643-e1634090102102-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=805 A China, assim como muitos países asiáticos, desperta curiosidade no brasileiro. Seja porque é muito longe daqui, pelas paisagens deslumbrantes ou porque vemos todos os dias inúmeras notícias sobre a nação chefiada por Xi Jinping.

A baiana Joana Silva (@registrosdajo) gostou tanto do país que chegou a viver lá por um tempo, dando aula em escola infantil.

Ela conheceu a China durante suas andanças pelo mundo, após trabalhar como executiva de recursos humanos em uma multinacional aqui no Brasil.

Com tanta experiência na bagagem, a baiana resolveu compartilhar o que viveu em seu livro recém-lançado “As Lições que eu Aprendi Viajando e Morando na China”. Abaixo, ela conta suas primeiras impressões de quando visitou o Tibete.

Joana Silva em frente ao Palácio Potala, em sua viagem pelo Tibete (Arquivo pessoal)

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Logo que saí do trem, devagarzinho os sintomas da altitude foram se manifestando no meu corpo. Senti o raciocínio lento, cansaço físico, leve falta de ar e dor de cabeça. Após o desembarque fui direcionada por um dos tripulantes para o posto de imigração. Uma não oriental jamais passaria despercebida e foi assim que percebi: eu era a única estrangeira da viagem.

O Ngawang Tashi, guia da agência, me aguardava na saída da estação e logo fui presenteada com o Khata branco, um cachecol de tecido de cetim usado em cerimônias do budismo tibetano, que simboliza pureza e compaixão.

Estava fascinada por ter colocado os pés no Tibete, mas os desconfortos por causa da altitude ficavam mais fortes. Após me advertir a não tirar foto do tanque de guerra e dos oficiais do Exército na rua, Ngawang me levou até o táxi e seguimos para o hotel.

Abri a janela para sentir aquele ar fresco de montanha no rosto, coloquei a cabeça um pouco para fora e fechei os olhos por alguns segundos. Não sabia se filmava, tirava foto ou simplesmente contemplava a vista. A chegada foi com surpresas, lojas da Nike, da Apple, The North Face, franquias de marcas chinesas, viadutos, trânsito, motos, carros e buzinas. Olhando para mais longe, vi imensas áreas desérticas e montanhas ao fundo e iaques passeando.

O planalto Tibetano é o topo do mundo e está a 4.800 m de altitude acima do nível do mar. Ngawang fortemente recomendou beber bastante água, tomar chá, manter o corpo aquecido, andar devagar, não fazer movimentos bruscos e descansar da viagem. No check-in descobri que estaria sozinha no quarto duplo, havia sido liberada de pagar a taxa de US$ 100 pelo quarto individual, o café da manhã, que estava incluso, seria servido no terraço onde tinha uma vista privilegiada para a cidade e as montanhas dos Himalaias que a cercavam.

Joana e sua obra, “As Lições que eu Aprendi Viajando e Morando na China” (Arquivo pessoal)

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: A escritora Manoela Ramos está na estrada desde 2016 e já conheceu 24 estados brasileiros, e sempre com a verba reduzida. Tanta experiência rendeu o livro “Confissões de Viajante (Sem Grana)”

Aviso aos passageiros 2: O casal de jornalistas João Paulo Mileski e Carina Furlanetto viajou pelo Brasil e por países aqui da América do Sul a bordo de um carro 1.0 e lançou um livro sobre a empreitada, o “Crônicas na bagagem: 421 dias na estrada – uma jornada de desprendimento pela América do Sul”

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Escritora conta em livro como é viajar sem dinheiro pelo Brasil https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/10/05/escritora-conta-em-livro-como-e-viajar-sem-dinheiro-pelo-brasil/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/10/05/escritora-conta-em-livro-como-e-viajar-sem-dinheiro-pelo-brasil/#respond Tue, 05 Oct 2021 13:15:48 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/Manoela-Ramos-viajando-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=796

A crise econômica e a pandemia diminuem qualquer vontade de viajar por aí. Uma alternativa a esses obstáculos é diminuir os custos e adotar o slow travel –prática de passar mais tempo no destino.

A escritora Manoela Ramos (@escritoraviajante) está na estrada desde 2016 e já conheceu 24 estados brasileiros, e sempre com a verba reduzida. Tanta experiência rendeu o livro “Confissões de Viajante (Sem Grana)”.

A obra, que completou 3 anos em agosto, é vendida pela própria escritora enquanto viaja por aí –é possível também comprar pela internet.

Manoela, que está à frente do 1º Congresso Nacional de Viajantes Pretos e Pretas, também escreveu “Em Busca do Norte”, sobre suas andanças pelos estados que estão mais próximos à Linha do Equador. Atualmente ela vive na Ilha de Boipeba (BA), onde atua como articuladora turística e cultural.

Abaixo, um trecho de sua primeira obra.

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A primeira coisa a saber é que o único luxo que você pode se dar é o de ser uma viajante, contente-se e seja grata a isso. Qualquer outro comprometerá o luxo de viver viajando. Pra viajar “sem grana” você precisa diminuir dois gastos: passagem e hospedagem. Na passagem o jeito é pedir carona, alguns trechos interestaduais você consegue tirar com a ID jovem. Já a hospedagem tem a possibilidade de trocar serviço em albergue e camping que aceitem a troca. Tem também o couchsurfing, um aplicativo que conecta pessoas que oferecem um “sofá” para os viajantes sem grana. Pronto, depois disso você já chega nativa.

É claro que digo das minhas experiências longe dos centros urbanos. Em cidade de natureza, o ritmo é diferente e as relações entre as pessoas também. Você desfruta do que transmite. Se vai com pouco tempo e muita grana, os nativos te veem como turista e a relação entre vocês será a de prestador de serviço e consumidor. Agora, se você vai com tempo e pouca grana, o caminho é o da amizade. Se você trabalha no local, seja de forma autônoma (vendendo) ou de temporada, você passa a conhecer muita gente: colegas de trabalho, concorrentes e clientes. Então trabalhar é fundamental para ser uma viajante sem grana. Primeiro porque você vai obter dinheiro, segundo e melhor ainda porque você vai fazer amizades, e são essas amizades que te proporcionarão a melhor experiência do local.

Ser viajante não significa ser livre, não mesmo. O que nos aprisiona é a nossa mente e nossos desejos e isso a gente leva para onde vai. Mas as pessoas enxergam liberdade em nós, e isso as fascina. Muitos puxam assunto interessados em nossas experiências. É que realmente temos muita história pra contar!

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: O alpinista e escritor Thomaz Brandolin reuniu histórias de viagem feitas de 1986 a 2012 no livro “Um Outro Mundo lá Fora – Expedições ao Ártico, Antártica, Alasca e Himalaia”

Aviso aos passageiros 2: O casal de jornalistas João Paulo Mileski e Carina Furlanetto viajou pelo Brasil e por países aqui da América do Sul a bordo de um carro 1.0 e lançou um livro sobre a empreitada, o “Crônicas na bagagem: 421 dias na estrada – uma jornada de desprendimento pela América do Sul”

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Caminho de Cora Coralina, em Goiás, é tema de documentário independente https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/caminho-de-cora-coralina-em-goias-e-tema-de-documentario-independente/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/04/16/caminho-de-cora-coralina-em-goias-e-tema-de-documentario-independente/#respond Fri, 16 Apr 2021 17:05:39 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/16185918036079c03b5a0d0_1618591803_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=694 O Caminho de Santiago de Compostela é uma marca registrada, conhecido por religiosos e ateus. E é também almejado por muitos viajantes, já que suas várias rotas permitem diferentes paisagens e desafios.

Da mesma forma, o Brasil tem suas rotas de peregrinação –religiosas ou não–, porém menos conhecidas do grande público. Um exemplo é o Caminho de Cora Coralina, no interior de Goiás, voltado a caminhantes ou ciclistas.

Montado em 2013, o trajeto se dedica a mostrar um pouco da região onde nasceu e cresceu a poetisa e para onde voltou após viver 45 anos em São Paulo. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu em 1889 e adotou o pseudônimo de Cora Coralina. “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias mais”, seu primeiro livro, veio ao mundo quando a autora já tinha 76 anos. Ao todo, a goiana, falecida em 1985, tem mais de uma dezena de obras publicadas.

A rota de mais de 300 km começa em Corumbá de Goiás e, após fazendas, chácaras e cidades (desde aquelas com ruas de lajota até as com trânsito considerável), termina em Cidade de Goiás. É com o objetivo de mostrar essa peregrinação que Richard Oliveira (@vidademochila) produziu o documentário “Um Mochileiro no Caminho de Cora Coralina”.

O filme acompanha o trajeto do goiano dia a dia, desde a sua dúvida, ainda antes de começar, se conseguirá completar a rota, até sua surpresa ao ver que vai ficando mais resistente com o passar do tempo.

Gravado tudo por ele mesmo, o documentário permeia imagens em solo de sua caminhada (com a câmera presa em cercas ou árvores) e também filmadas por drone. Estas, em ambundância, são bastante contemplativas, mostrando paisagens típicas do interior do Centro-Oeste, como cachoeiras, estradas de terra e trilhos de trem.

O momento mais tocante é quando ele chega ao local onde foi enterrado Chico Mineiro, que inspirou a canção homônima de Tonico e Tinoco. Richard, ao rememorar as lembranças de infância, quando viajava com a família, se emociona ao falar do pai, já morto.

Não é de hoje que o goiano viaja por aí. Na bagagem, ele tem um mochilão pela América Latina, que durou 622 dias, e outras expedições menores pelo Brasil, todas documentadas em webséries.

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: Se não perdi você para os vídeos do Richard, recomendo o documentário “Caminho da Superação”, sobre Santiago de Compostela. O filme, sobre o qual falei aqui, acompanha 6 peregrinos na famosa rota espanhola

Aviso aos passageiros 2: Também escrevi sobre o longa “Na Selva”, sobre a história real de um mochileiro, vivido por Daniel Radcliffe, se embrenhando pela Amazônia boliviana. Outro filme de viagem que já apareceu aqui é o road movie “4L”, sobre uma expedição de carro pelo Saara

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Brasileiro conta como foi escalar o ponto mais alto da América do Norte https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/03/23/brasileiro-conta-como-foi-escalar-o-ponto-mais-alto-da-america-do-norte/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/03/23/brasileiro-conta-como-foi-escalar-o-ponto-mais-alto-da-america-do-norte/#respond Tue, 23 Mar 2021 17:42:56 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/1616462343605942073229a_1616462343_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=678 O Check-in já publicou o relato de quando Marcelo Lemos subiu ao topo do Kilimanjaro, o ponto mais alto da África. Desta vez, você pode saber como é escalar o Monte McKinley ou Denali, o mais alto da América do Norte.

Quem nos conta sobre a empreitada é o alpinista e escritor Thomaz Brandolin. Autor de várias obras, ele está lançando o livro “Um Outro Mundo lá Fora – Expedições ao Ártico, Antártica, Alasca e Himalaia”, que reúne histórias de viagem feitas de 1986 a 2012.

Foi em junho de 1986 que o paulistano atingiu os 6.194 metros do Monte McKinley ou Denali, no Alasca. Pelo relato, extraído do novo livro, é possível ver quão perigoso é um projeto como esse.

Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Parte 1 – Monte McKinley/Alasca (Monte Denali para os locais)
4º dia – quinta-feira, 19 de junho – Cume – 6.194 metros

Acordamos cedo. Lentamente e em silêncio arrumamos nossas mochilas. Embora confiantes, pairava uma tensão no ar. Ventava forte e o ar glacial do lado de fora da barraca era paralisante. Esperamos até quase meio-dia, quando o vento deu uma diminuída, para nos conectarmos à corda. Era um ritual quase diário. A partir dali e até o final do dia nossas vidas estariam conectadas àquela corda. Demos um emocionado abraço um no outro e saímos para o ataque ao cume! Havia sol e céu azul, mas as rajadas de vento arrancavam a neve da superfície e jogavam na nossa direção. Naquele frio, realmente era um aborrecimento escalar com neve sendo jogada contra o rosto. Ofegante devido ao ar rarefeito, sentia o vento áspero e gelado rasgar minha garganta, me gerando um acesso de tosse.

Saindo do acampamento, lentamente alcançamos a base da longa aresta que nos levaria ao nosso destino: o cume da montanha, ainda invisível e a muitas horas dali.

Conforme fomos ganhando altitude, o vento foi aumentando de intensidade, criando uma suave cortina de cristais de gelo suspensos no ar. A força do vento produzia um ruído que sufocava qualquer vestígio do silêncio típico daquelas paragens. O termômetro registrava 28 graus abaixo de zero, mas a sensação térmica era muito inferior a isso. Uma situação que poderia congelar qualquer parte exposta do corpo em questão de minutos.

Durante praticamente três horas subimos em silêncio, lenta e calmamente, cravando as pontas dos crampons e da piqueta na neve crocante. A paisagem em volta de nós era espetacular, com montanhas a perder de vista. Com os óculos especiais para neve, o céu ganhava um azul ainda mais intenso, bonito de se ver. Eu parava a cada quatro ou cinco passos para respirar aquele ar rarefeito, que machucava meus pulmões. Sempre ofegantes e incomodados com o barulho e a força do vento, a comunicação entre nós limitava-se a esporádicas trocas de sinais.

Subindo na frente, de cabeça baixa, eu esquadrinhava cada centímetro daquela rampa gelada. Era preciso ser cuidadoso ao dar cada passo, pois o vento às vezes me desequilibrava. Mas nada disso nos abalava. Lutando para prosseguir, mergulhei em meus pensamentos e me concentrei apenas no passo seguinte.

Estávamos numa rampa pouco inclinada –30°– que levava direto ao Denali Pass, mas muito batida pelo vento. A neve, ali, estava dura como um concreto, e qualquer escorregão, se não fosse travado na hora, podia levar o alpinista de volta ao glaciar, dois quilômetros abaixo! Aliás, foi provavelmente ali que morreu o japonês Naomi Uemura, dois anos antes, quando voltava do cume.

De repente vi dois homens descendo na minha direção. Vinham quase que correndo e pareciam assustados. Quando o primeiro me alcançou, gritou algo sobre o vento e continuou descendo. O segundo fez a mesma coisa. Só pude entender que o vento lá em cima estava um inferno, impossível subir, e que eles haviam desistido de prosseguir. Com o barulho ensurdecedor do vento rugindo em minhas orelhas, não dava mesmo para conversarmos.

Mais abaixo, éramos seguidos por cinco alpinistas. Mas, assim que os dois apressados escaladores passaram por eles, quatro viraram as costas e começaram a descer também. Só um insistiu.

O Beto e eu olhamos um para o outro em busca de uma resposta. O que fazer? Vamos continuar ou vamos voltar? Com uma tempestade prevista para o dia seguinte, voltar era quase que encerrar a expedição. Havia meses que estávamos envolvidos naquele projeto. De corpo e alma. Treinando, planejando, sonhando. Desistir logo agora? Depois que arriscamos nossas vidas para buscar mais comida?

Desistir depois de 13 dias subindo pela geleira, puxando um pesado trenó atrás de nós, contornando fendas, suportando frio, vento e ar rarefeito? Por outro lado, será que já não havíamos arriscado o suficiente nossas vidas para alcançar aquele sonho?

Quantos não passaram por sofrimentos ou morreram por não saberem a hora de desistir?

Minha cabeça ficava imaginando coisas, analisando alternativas e riscos. Mas o raciocínio, carente de oxigênio, se misturava à adrenalina e a sentimentos de medo e raiva, uma raiva que me impulsionava para cima, positiva e perigosa, como se dissesse: “Pode vir, vento, você não vai me fazer desistir!”.

Estávamos agora a uns 5.700 metros de altitude. Quem sabe, talvez, aquela fosse nossa única chance? Tínhamos bastante comida no Campo 7, mas teríamos força física e psicológica, além de condições climáticas para mais uma tentativa?

Entorpecido pelo frio e pela falta de oxigênio, tentava refletir sobre os prós e contras de continuar. O coração batia forte, a boca estava seca, e precisávamos tomar uma decisão. E rápido. Esperei o Beto chegar até mim para decidir o que fazer.

O fato de estarmos bem equipados e com roupas adequadas ajudava, então, em poucas palavras, decidimos insistir mais um pouco!

O vento não dava moleza e só aumentava sua fúria. A ventania era tão forte que nos obrigava a escalar encurvados e só dava para sentar para descansar quando havia alguma pedra grande para nos proteger. A cada parada, o alpinista que seguiu solitário mais abaixo se aproximava de nós. Porém, quando ele parava para descansar, nós já estávamos prontos para prosseguir. Nossos movimentos eram tão lentos que o mundo parecia avançar em câmera lenta. Mas seguimos para cima. Iríamos até o limite de nossas forças.

Numa dessas paradas, o americano pediu que o esperássemos. Ele nos perguntou se era possível esperá-lo mais acima, perto do cume, para se conectar à nossa corda para vencer a última aresta, muito exposta e perigosa, principalmente naquele vento. Claro que sim, respondemos.

Finalmente, quando atingimos o Denali Pass, viramos para o lado sul da montanha, e o vento, enfim, amainou, como se tivesse desistido perante nossa teimosia.

Quando avançamos por um imenso platô a 5.980 metros de altitude, conhecido como Campo de Futebol, avistamos o cume pela primeira vez. Ao vê-lo ali na frente, tão perto da realização de um sonho, não pude evitar as lágrimas. O Beto também chorava de emoção. A pressão psicológica dos últimos dias nos tornara mais emotivos. Ao pressentir que iríamos chegar lá, tiramos um caminhão das costas.

Aos poucos escalamos mais uma rampa nevada de 120 metros e, exaustos, paramos para esperar pelo americano. Chegando à beirada do abismo, avistamos, surpresos, uns três quilômetros abaixo, um mar de nuvens cobrindo toda a gigantesca geleira que havíamos percorrido nas duas semanas anteriores. Apenas alguns picos conseguiam se sobressair. Ali tivemos a real dimensão da nossa jornada. Cumes e platôs que vimos de baixo, agora estavam aos nossos pés. Era uma visão espacial inimaginável, de rara beleza, que só estava ao alcance dos mais persistentes.

Quando o alpinista chegou e descansou, o Beto passou para o meio da corda e ele se encordou no final.

Ao ver o quanto a última aresta era afiada e perigosa, com abismos infinitos de ambos os lados, entendi a preocupação do americano. Qualquer passo em falso, e seria o fim.

Recuperamos o fôlego, respiramos fundo e, cuidadosamente, pé ante pé, prosseguimos. Com o coração quase saindo pela boca de emoção, parando para descansar a cada dois passos, em poucos minutos subimos a última rampa de neve e alcançamos o ponto mais alto da América do Norte. O Beto e eu nos abraçamos emocionados. Amigos de tantos anos, nós tínhamos conseguido! Foi um momento sublime. Eram 19h30, o céu ainda claro, com muitas nuvens. Olhávamos em todas as direções do infinito, absorvendo o encanto e a magia transcendentes de cada detalhe daquela imensidão. Raios de sol rasgando algumas nuvens davam um toque surreal ao cenário. Se a felicidade são aqueles momentos que você não quer que acabem, então o que sentíamos era a felicidade mágica e absoluta.

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Aviso aos passageiros 1: O casal de jornalistas João Paulo Mileski e Carina Furlanetto viajou pelo Brasil e por países aqui da América do Sul a bordo de um carro 1.0. Eles, inclusive, acabaram de lançar um livro sobre a empreitada, o “Crônicas na bagagem: 421 dias na estrada – uma jornada de desprendimento pela América do Sul”

Aviso aos passageiros 2: O jornalista e caubói Filipe Masetti lançou recentemente a obra “Cavaleiro das Américas rumo ao Fim do Mundo”, sobre quando percorreu, a cavalo, o trajeto Brasil-Argentina. No Check-in, é possível ler o trecho sobre a temporada de incêndios que enfrentou na Argentina, em janeiro de 2017

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Ouça 9 podcasts para quem faz mochilão, viagem de carro ou é nômade digital https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/02/22/ouca-9-podcasts-para-quem-faz-mochilao-viagem-de-carro-ou-e-nomade-digital/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/02/22/ouca-9-podcasts-para-quem-faz-mochilao-viagem-de-carro-ou-e-nomade-digital/#respond Mon, 22 Feb 2021 20:51:26 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/16046646095fa53d217021b_1604664609_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=661 Companheiros da limpeza da casa, do caminho para o trabalho ou da corrida, os podcasts fazem parte da rotina de muita gente. E várias pessoas têm aproveitado também na hora da viagem, para se entreter em longas horas de voo ou de estrada.

Por essas e outras, listo nove programas voltados para os viajantes. Há para quem gosta de fazer mochilão, ouvir histórias, rodar de carro por aí, se embrenhar na natureza ou é adepto do nomadismo digital.

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Mochileiros Sem Pauta (@mochileiros.sempauta)
Como o próprio nome já diz, o podcast é feito por e para mochileiros. Conduzido por Cainã Ito (@caina.ito), que nos últimos anos viajou pela África, o programa traz na bancada ao menos 3 convidados.

Já passaram por lá alguns viajantes que escreveram para o Check-in, como Rafael Dallacqua, Davi Montenegro e Rebecca Alethéia. E eu, que faço minha estreia nessa área no programa “Choques culturais”.

Desde junho de 2019 no ar, o programa quinzenal aborda diversos assuntos. Há aqueles mais voltados a viajantes de baixo custo (como Couchsurfing, “perrengues no busão”, hostels e comida de mochileiro), sobre países específicos (Chile, Irã, Índia, Egito e Etiópia) e temas mais complexos (em especial o “Estereótipos africanos”, “Viagens alucinantes” e “Mochilando em terras muçulmanas”).

Pode interessar: o Roda Mundo, do Ricardo Martins (@thebambootrip), também é voltado a mochileiros e debate assuntos como mulheres na estrada e viajantes negros.


Viajar pra Quê? (@viajarpraquepodcast)
O casal Tainá Rodrigues e Marcelo Castro (@temaiseme) comanda o projeto, que traz semanalmente um viajante para a bancada. Da pergunta inicial, que dá nome ao podcast, a conversa flui para os mais diferentes assuntos relacionados à experiência do entrevistado.

Das pessoas que já escreveram para o Check-in, a lista tem Beatriz Pianalto, Rebecca Alethéia, Guilherme Canever e Caio Giachetti.

Como o podcast é centrado na vida da pessoa, variam os tipos de programa. Há aqueles mais voltados à viagem (Cainã Ito, Igor Ivanowsky) e os que tiveram sua vida mudada junto com a jornada (Babi Cady, Riq Lima).

Pode interessar: o Descobre a Mochila!, como a própria Juliana Nair (@descobreamochila) define, traz “histórias e reflexões sobre viagens transformadoras”.


Papo Outdoor (@papooutdoor)
Comandado por Wilton Nascimento, Lenon Cesar e Emanuel Silveira, o projeto, como o próprio nome já diz, é voltado ao lado aventureiro das viagens.

Quinzenalmente, o trio convida pessoas para falarem sobre trekking, escalada e ciclismo, entre outros esportes. E a bancada pode ser formada tanto por viajantes solitários quanto por casais ou até três amigas (o episódio sobre a trilha até o Acampamento-base do Everest é meio confuso por causa das seis pessoas falando, mas é bastante informativo).

Pode interessar: o mais antigo da lista, o Extremos (@extremos) tem mais de 340 episódios, e aborda todo e qualquer tipo de expedição em meio à natureza.


Viajo logo Existo PodCast (@viajologoexisto)
O casal Raquel e Leonardo Spencer rodou o mundo num carro 4×4 e conheceu dezenas de países. Depois de lançarem alguns livros sobre o que viram por aí, eles se embrenharam no mundo do podcast, de mesmo nome.

Semanalmente, abordam temas envolvendo viagens específicas (Tchernóbil, Jalapão, Itália) ou relembram experiências (como enviar um carro de navio de um lugar para outro ou como trabalhar na estrada).

Pode interessar: com quatro pessoas na bancada, o Pandora on the Cast (@pandoraontheroad) também tem essa pegada de quem viaja de carro e conta histórias envolvendo países, em sua maioria na Europa.


Perdidos (@nomadlikealocal)
Pablo Magapo e Barbs Medeiros deram um tempo do Rio de Janeiro e caíram na estrada como nômades digitais. Durante o caminho, resolveram contar um pouco dessa nova vida no podcast.

A primeira temporada traz episódios bem informativos sobre o processo de mudança, desde a quais contas encerrar a o que levar na mala. Eles também falam sobre a experiência de morar na Itália, Canadá, Sérvia e Portugal, países onde viveram enquanto estavam fora, e dão dicas sobre o que atentar na escolha de um apartamento pelo Airbnb.

Na segunda temporada, gravada já no Brasil durante a pandemia, o casal entrevista pessoas com experiências diferentes focando temas importantes à vida nômade, como os gastos na estrada, preparativos para um motorhome e como conhecer gente num lugar novo.

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: A Folha tem uma gama variada de podcasts. Vale a pena conferir a lista

Aviso aos passageiros 2: Também na Folha, há uma seção de críticas de podcasts, o Escuta aqui

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Brasileiro que viajou a América a cavalo relembra incêndios na Argentina https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/01/13/brasileiro-que-viajou-a-america-a-cavalo-relembra-incendios-na-argentina/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2021/01/13/brasileiro-que-viajou-a-america-a-cavalo-relembra-incendios-na-argentina/#respond Wed, 13 Jan 2021 16:06:00 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/Filipe-1-300x215.jpeg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=620 Muita gente tem no currículo alguma viagem de avião, carro ou ônibus. Menos pessoas podem dizer que já rodaram por aí de moto ou bicicleta. Mas são poucos os que têm a experiência de viajar a cavalo.

A primeira grande viagem do jornalista e caubói Filipe Masetti foi de Calgary, no Canadá, a Barretos, no interior paulista, quando percorreu 16 mil km. O segundo trecho foi de Barretos a Ushuaia, na Argentina, e foram 7.500 km. Na sequência, ele cavalgou 3.500 km de Fairbanks, no Alasca, a Calgary.

Ao todo, Masetti viajou mais de 25 mil km por 12 países e chegou a escrever dois livros sobre suas expedições: “Cavaleiro das Américas”, sobre a sua primeira viagem, e o recém-lançado “Cavaleiro das Américas rumo ao Fim do Mundo”, sobre o trajeto Brasil-Argentina.

Abaixo, um trecho do livro sobre a temporada de incêndios que o brasileiro enfrentou na Argentina, em janeiro de 2017.

Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Depois de descansar por duas horas, selei os garotos de novo e continuei rumo a Médanos, a apenas dez quilômetros ao oeste. Minha anfitriã havia me alertado dos terríveis incêndios a frente.

A fumaça enchia o ar e o céu brilhava com um laranja estranho. Sabia que os incêndios florestais estavam queimando a província de La Pampa desde o Natal, mas não sabia que haviam chegado à província de Buenos Aires.

Quando cheguei a Médanos, era como se tivesse entrado em um filme apocalíptico. Respirar virou uma batalha com a fumaça cinza me sufocando e os cavalos também. O céu parecia estar em chamas.

“A essa altura, não sabemos se você conseguirá cavalgar amanhã, filho”, um gaúcho grande, amigo do Luis de Bahía me falou. “A rodovia está fechada por causa do incêndio que queima nos dois lados.”

Quando tirava as selas dos garotos, sirenes berravam, convocando todos os bombeiros voluntários para o quartel dos bombeiros. As sirenes eram altas e agudas, como aquelas usadas para alertar moradores das ilhas de um possível tsunami.

Meu coração pulou para a garganta. Estava preocupado com minha vida e a dos cavalos. Tomei a decisão errada ao cavalgar a oeste, para Bariloche?

Um jornalista, que veio tirar fotos nossas, contou aos gaúchos que me receberam que “duas mulheres foram queimadas vivas dentro do carro uma hora atrás.

Elas tentaram dar meia volta na rodovia porque não conseguiam ver nada com a fumaça densa. Um caminhão as atingiu quando faziam o retorno e as jogou dentro do fogo”.

Olhamos o céu ameaçador em silêncio, com tristeza e medo. Naquela noite, meu anfitrião, um cavaleiro de 70 e poucos anos, com cabelo grisalho espetado como um porco espinho, ofereceu-me um churrasco e umas garrafas de vinho.

Naquela região da Argentina, o vinho tinto é bebido com algumas pedras de gelo e água tônica. Achei estranho no começo. Porém, depois de beber a mistura várias vezes aprendi a apreciá-la, sobretudo nos dias de calor escorchante na sela.

Na manhã seguinte acordamos cedo e meu anfitrião me levou até os cavalos. “Liguei para o meu amigo, chefe de polícia”, disse o senhor. “Ele me avisou que o fogo queimou tudo adiante. Não há mais nada para ser queimado, então você pode cavalgar em segurança.” Não tinha certeza se essa notícia era boa ou má.

Saí de Médanos cavalgando com a fumaça densa empesteando o ar e os meus pulmões enquanto o vento soprava cinzas por todo lado. O chefe de polícia estava certo, o fogo havia queimado todo terreno adiante e não havia nada mais para pegar fogo.

Mas o sofrimento e a desolação eram imensos, era um cenário do apocalipse. Carcaças carbonizadas de vacas, pumas e tatus por todo lado. O cheiro podre, azedo, nauseabundo me forçou a prender a respiração para não vomitar.

As expressões paralisadas de sofrimento do gado partiram meu coração. Línguas para fora, bocas abertas, olhos arregalados. Muitas vacas tentaram fugir e ficaram presas. Estavam queimadas, emaranhadas na cerca.

As autoridades estimam que mais de 80.000 cabeças de gado foram mortas e mais de dois milhões de hectares de terra, queimados. Cavalos, cachorros e casas também foram perdidos nos incêndios causados por tempestades de raios e espalhados pela seca dos últimos anos e ventos fortes.

“Tentei soltar meus cavalos a tempo, mas quando cheguei à cabanha era tarde demais”, um gaúcho me contou. Uma lágrima solitária deixou uma marca ao descer por seu rosto empoeirado.

Por 170 quilômetros, a fumaça bloqueava o céu, o sol se infiltrava por ela, um laranja profundo sobre nós. Os cavalos e eu lutávamos para respirar enquanto os ventos fortes sopravam fumaça e cinzas em nossas caras o dia inteiro. Meus olhos ardiam e o fundo da minha garganta queimava.

Nos dois lados da estrada onde antes havia um tapete de pasto alto verde, amarela e marrom, agora havia troncos negro e uma camada de cinzas. Parecia que o mundo havia partido Cavaleiro das Américas rumo ao Fim do Mundo 181 sua cor. Seu brilho. Tudo ao meu redor era preto e cinza.

Na noite anterior à nossa chegada a Río Colorado, eu tinha apenas uma garrafa de 500 ml de água. Achei um curral aberto onde armei minha barraca, soltei Sapo e Picasso e bebi minha água devagar. Com lábios ressecados e a garganta seca, queria virar a garrafa, mas sabia que iria precisar dela no dia seguinte.
Sentindo-me totalmente vulnerável e mais sujo que um limpador de chaminé, vi uma velha caminhonete se aproximar e estacionar na frente da porteira. Um homem alto com a cara fechada saiu dela.

“Quem deixou você entrar?”, perguntou ao se aproximar. “Ninguém, senhor”, respondi. “Vi que a porteira não estava trancada e entrei.” Enquanto contava a ele sobre a minha viagem, ele me olhava de cima a baixo em silêncio. “OK, acho que você pode passar a noite aqui, mas se o dono aparecer, diga a ele que falou comigo.”

Aliviado, a tensão em meus ombros relaxou. Perguntei se poderia beber água do moinho próximo. Ele disse que não por causa do nível de sulfato. Apertamos as mãos e ele foi até sua caminhonete enquanto eu segui para minha barraca com a cabeça baixa. Olhava para o solo pedregoso quando ouvi um grito.

Quando olhei para cima, o homem que dois minutos antes eu achei que me devoraria vivo segurava uma garrafa de um litro de água congelada em sua mão. Corri, peguei a garrafa e agradeci a ele. Mais tarde, sozinho, sentado em minha barraca vendo os cavalos pastar, chorei em silêncio, segurando aquela garrafa gelada junto a minha bochecha esquerda.

O plástico gelado foi um alívio momentâneo para minha pele queimada. Era apenas água. Parecia ridículo alguém chorar sobre um litro de água congelada, mas estava muito desesperado momentos antes.

Quando se está com sede, quando sofre seus efeitos, aprende-se que a água é o recurso mais importante do planeta. Água é vida.

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Aviso aos passageiros 1: Na Argentina, rota dos Sete Lagos leva a San Martín e Junín de Los Andes

Aviso aos passageiros 2:O fotógrafo Sidney Dupeyrat já contou ao Check-in como foi sua viagem ao Chile, cheio de paisagens deslumbrantes

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Documentário sobre Caminho de Santiago mostra choro, cansaço e muita paisagem https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/documentario-sobre-caminho-de-santiago-mostra-choro-cansaco-e-muita-paisagem/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/documentario-sobre-caminho-de-santiago-mostra-choro-cansaco-e-muita-paisagem/#respond Sun, 22 Nov 2020 18:52:09 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/16060707265fbab1c663094_1606070726_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=566 Santiago de Compostela é um destino bem conhecido na Espanha, e a rota para chegar até lá também não fica atrás. Em 2019, quase 350 mil pessoas fizeram um dos diversos trajetos do Caminho de Santiago.

E é a peregrinação de seis viajantes da Nova Zelândia e da Austrália que o documentário “Caminho da Superação” acompanha. No filme, vemos o dia a dia na estrada de Sue, Julie, Mark, Terry, Claude e Cheryl, todos com mais de 50 anos.

A personagem principal é Sue, que, aos 70 e com graves problemas de locomoção, sofre para percorrer o longo Caminho Francês. São mais de 800 km de distância na rota entre a cidade francesa Saint-Jean-Pied-de-Port e o destino final, no noroeste espanhol.

Não surpreende ela ganhar mais destaque, já que o desafio para muitos peregrinos é superar a exaustão física. O documentário traz diversas cenas de Sue com palavras de incentivo para si mesma, de choro no meio do nada e de merecidos descansos ao tirar as botas e deitar na cama.

Com seu porte frágil e andar característico, ela facilmente ganha a torcida do espectador.

Além dos desafios físicos, o filme destaca a questão psicológica e/ou espiritual dos viajantes. Julie, por exemplo, está nessa peregrinação para superar uma tragédia familiar. Sua força sempre aparece em cena, mas o longa também mostra seus momentos de desabafo, tristeza e choro.

Já experiente no Caminho, Terry levou o genro Mark para a Espanha após uma perda familiar. O idoso e o jovem acima do peso formam uma dupla silenciosa, o que destoa da falante Claude e de suas conversas inoportunas. De Cheryl pouco se sabe, o que nos faz esquecer dela na maior parte do vídeo.

Num primeiro momento, é de se esperar que um vídeo com mais de 1 hora sobre pessoas caminhando seja maçante, mas digo que não é. A trilha sonora e a edição fazem com que o filme seja instigante. Tanto é que eu fiquei com vontade de percorrer os 800 km do Caminho e me ver em meio a suas paisagens deslumbrantes.

O filme de Fergus Grandy e Noel Smyth está nas plataformas de streaming iTunes, Net Now, Vivo Play, Looke, Google Play e Youtube Filmes, e também pode ser alugado pelo próprio site do filme.

Estatísticas

O Departamento de Acolhida do Peregrino divulga dados anualmente sobre as pessoas que fizeram a jornada até Santiago de Compostela.

Em 2019, foram contabilizadas 347.578 pessoas, sendo que 51% foram mulheres e a maioria (54,52%) tinha entre 30 e 60 anos. Os mais jovens representam 26,75% e, os mais velhos, 18,73%.

Entre os peregrinos, 94% fizeram a rota a pé, 5,63% de bicicleta, 0,12% a cavalo, 0,07% em outros meios de transporte e 0,02% em cadeira de rodas.

O Caminho Francês foi o mais procurado (54,65%), seguido pelo Português (20,82%), Português pela Costa (6,41%), do Norte (5,47%) e Inglês (4,54%).

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: Esses tempos escrevi sobre o filme “Na Selva”, que acompanha o mochileiro vivido por Daniel Radcliffe se embrenhando pela Amazônia boliviana

Aviso aos passageiros 2: Outro longa de viagem que já apareceu aqui é o road movie “4L”, sobre uma expedição pelo Saara

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Congresso virtual reúne viajantes negros para mostrar que eles também viajam https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/17/congresso-virtual-reune-viajantes-negros-para-mostrar-que-eles-tambem-viajam/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/17/congresso-virtual-reune-viajantes-negros-para-mostrar-que-eles-tambem-viajam/#respond Tue, 17 Nov 2020 21:22:46 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/16056407515fb4222f02660_1605640751_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=557 Quando você está na estrada, você costuma ver algum viajante negro? Na maioria dos lugares, muito provavelmente a resposta é ‘não’ ou ‘poucos’. Pensando nisso, a escritora e publicitária Manoela Ramos e o consultor de viagens Nicolas Guerra organizam o 1º Congresso Nacional de Viajantes Pretos e Pretas (@omundocongresso).

O evento, também conhecido por Congresso O Mundo é Nosso, começa sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, de maneira virtual. A pré-venda custa R$ 53 e, a partir de sexta ficará R$ 88. Os vídeos das palestras estarão disponíveis por 10 meses.

A ideia do projeto começou de um incômodo de Manoela ao participar de eventos de viagem e ser uma das poucas negras. “Entendi que não adiantava ficar incomodada porque que não chamavam pretos para palestrar, então que eu fizesse esse congresso para mostrar que existe um monte de gente preta para falar”, diz a escritora.

Além disso, ela conta que organizar o evento, totalmente independente, seria uma forma de retribuir o destaque que ganhou ao participar de outros congressos. Para colocar a programação de pé, a escritora chamou Nicolas, viajante que ela conheceu pela internet, em uma roda de conversa virtual.

O consultor de viagens diz que quando começou a viajar não se reconhecia como homem negro. “Foi viajando que comecei a entender que eu era negro e, durante esse processo, percebi que não via brasileiros negros viajando”, diz. “Vi que existia essa falta de representatividade de brasileiros no exterior.”

Ao voltar para casa, após um longo período na estrada, ele passou a falar sobre o assunto nas redes, e foi aí que se conectou a outros viajantes negros. No início da quarentena devido à pandemia de coronavírus surgiu o convite da Manoela.

Além dos dois organizadores, outras 23 pessoas darão palestras, divididas em 4 eixos: Pessoas pretas também viajam, Viagem é resistência, Viagem como reconexão e O Mundo é Nosso.

“São diferentes perspectivas, cada um viaja no seu estilo”, explica Manoela. Entre os temas abordados estão as experiências de mulheres viajando sozinhas e também as de gays. No eixo de reconexão, os palestrantes falarão sobre família, natureza, negritude e ancestralidade.

Para a escritora, “não tem porque eles não estarem nesses congressos de viagem, e isso demonstra um racismo velado. Foi um desafogar da voz desses palestrantes”.

Confira abaixo a programação do evento.

Pessoas pretas também viajam:

Rebecca Alethéia (@rebeccalethei) – Por que uma rede de mulheres pretas viajantes?

Guilherme Soares (@guianegro) – A importância de fazer um turismo afrocentrado.

Leandro Gonçalves (@pretoviajante) – Eu, homem preto, posso viajar.

Dandara Rosa (@dandarix) – O mundo é a minha província.

Mario Junior (@mariojuniortravel) – Não precisa ser rico para viajar

Pâmela Rocha (@roletdapam) – Mulher viajando sozinha

Viagem é resistência:

Thiago Dias (@bichapretapelomundo) – Perspectiva de um preto gay viajando 

Fabio Mukanya (@fabio_mukanya_simoes) – África sonora; viagem como resgate da cultura africana  

Kerolayne Kemblim (@dacordobarro) – Viajar como forma de resistência artística

Fred Silva (@orastapelomundo) – Um rasta pelo mundo

Marcelo (@faveladospelomundo) – Favelados pelo mundo

Stéfany Maia (@stefanymaia) – Viajante e atriz, de minas para o mundo.

Viagem como reconexão:

Moysés Jr. (@negopelomundo) – Descobrindo minha ancestralidade

Nicolas Guerra (@mochilek) – Viagem como reconexão com a negritude

Dayanne Bernardo (@viajecomday_) – Viagem como reconexão com a natureza

Manoela Ramos (@escritoraviajante) – Viagem como reconexão comigo mesma 

Janah e Maria (@maeefilhatrips) – Viagem como reconexão com a família

Gabriela Palma (@soumaiscarioca) – Turismo afrocentrado como reconexão

O Mundo é Nosso 

Ingrid Ellen (@africa.fora.da_midia) – Perspectivas de uma baiana em Moçambique

Lola Cirino (@lolacirino) – Preta fazendo intercâmbio 

Sophia Costa (@whoisophia) – Nomadismo digital e o mundo como casa

Joana Silva (@registrosdajo) – O que eu aprendi viajando e morando na China?

Paula Augot (@nomundodapaula) – 51 países visitados

Joaquim Costa (@viaja_preto) – Um pernambucano pelo o mundo

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Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: Uma das palestrantes é a Rebecca Alethéia, que já escreveu ao blog sobre a presença de mulheres negras viajando por aí

Aviso aos passageiros 2: Cansado de ouvir perguntas absurdas, imigrante no Brasil criou uma camiseta com a estampa ‘África não é um país’

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Mochileiro perdido guia ‘Na Selva’, versão anos 1980 de ‘Na Natureza Selvagem’ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/08/11/mochileiro-perdido-guia-na-selva-versao-anos-1980-de-na-natureza-selvagem/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/08/11/mochileiro-perdido-guia-na-selva-versao-anos-1980-de-na-natureza-selvagem/#respond Tue, 11 Aug 2020 18:17:06 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/15971084755f31f0fb75c92_1597108475_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=447 Mochileiros têm por hábito se aventurar, desbravar novos destinos e fugir das atrações apinhadas de turistas tradicionais. É isso que motiva o protagonista de “Na Selva”, vivido por Daniel Radcliffe, disponível no TelecinePlay.

O ator, famoso por interpretar Harry Potter nos cinemas, é o mochileiro israelense Yossi Ghinsberg. Na dúvida sobre o que fazer da vida, ele resolve viajar o mundo —caso você já tenha se hospedado em hostel, pelo menos um dos hóspedes tinha esse perfil.

Enquanto percorre a América do Sul, conhece o professor suíço Marcus (Joel Jackson) em uma comunidade alternativa, e esse lhe apresenta o fotógrafo americano Kevin (Alex Russell). Quando viajam a La Paz, o protagonista é abordado pelo austríaco Karl (Thomas Kretschmann), que lhe fala sobre as maravilhas de uma tribo desconhecida, onde será possível encontrar ouro. Quem cai em uma história dessas, né?

Yossi cai e ainda convence os dois amigos a embarcarem na história. A justificativa? Conhecer algo novo e sair do marasmo. Afinal de contas, todos vão para Machu Picchu, no Peru.

Cena de “Na Selva”, com Alex Russell, Daniel Radcliffe, Joel Jackson e Thomas Kretschmann (Divulgação)

Os quatro se embrenham pela Amazônia boliviana, visitando aldeias remotas, se alimentando de frutas locais e animais caçados, inclusive um macaco.

Com o passar dos dias e da dificuldade para chegar ao destino desejado, eles vão mostrando suas índoles. Quando o suíço começa a atrasar a caminhada, por estar fraco (ele não encarou carne de macaco) e com os pés desgastados, o americano, amigo de longa data, passa a evitá-lo.

Em determinado momento, o grupo se divide: o israelense e o americano querem seguir viagem em uma jangada rústica pelo caudaloso rio, enquanto o guia austríaco e o suíço pretendem voltar pela mata fechada. Os dois que enfrentaram a água acabam se separando, e Yossi se vê perdido.

A selva, então, ganha protagonismo, subjugando o mochileiro. E é aí que Daniel Radcliffe mostra uma atuação convincente, enfrentando seus medos, passando raiva enquanto se perde, mostrando desespero.

Joel Jackson (Marcus) e Thomas Kretschmann (Karl) entregam boas interpretações, principalmente o primeiro, como um viajante que se sente um fardo para o restante do grupo. Só Alex Russell (Kevin) que deixa a desejar, não demostrando os sentimentos necessários na busca pelo companheiro.

Em “Na Selva”, Daniel Radcliffe dá vida ao mochileiro israelense Yossi Ghinsberg (Divulgação)

A história de “Na Selva” (2017) pode ser considerada uma versão anos 1980 de “Na Natureza Selvagem” (2007). Tanto Yossi quanto Chris McCandless não se adaptam à vida que a sociedade impõe e viajam para conhecer o mundo, enquanto descobrem a si mesmos.

Enquanto o israelense se embrenha pela selva amazônica, o americano viaja pelo interior dos EUA. Ambos conhecem pessoas durante a jornada e se entregam a esses novos relacionamentos, seja para se aventurar junto, seja para dividir uma casa ou um trabalho.

Além disso, as intempéries os levam a situações extremas em meio à natureza, mostrando o quanto o ser humano é pequeno em relação ao meio ambiente.

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Em tempos de coronavírus não podemos viajar, e muitas vezes nem sair de casa. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Aviso aos passageiros 1: Caso tenha tempo para ver outro filme de viagem, há o road movie “4L”, que mostra uma expedição pelo Saara

Aviso aos passageiros 2: Se você se interessa também por livro ou podcast, dei aqui duas sugestões que envolvem viagens

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