Check-in https://checkin.blogfolha.uol.com.br Relatos de turistas, dicas e serviços de viagem Wed, 01 Dec 2021 12:49:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mulheres negras viajantes existem e resistem pelas estradas, diz enfermeira https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/03/04/mulheres-negras-viajantes-existem-e-resistem-pelas-estradas-diz-enfermeira/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/03/04/mulheres-negras-viajantes-existem-e-resistem-pelas-estradas-diz-enfermeira/#respond Wed, 04 Mar 2020 14:44:49 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/15832930795e5f2297aa81d_1583293079_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=302 É muito comum ver gente viajando por aí, de mochila ou de mala de rodinhas. Mas o incomum é encontrar pessoas negras desbravando o mundo.

Por essas e outras que trago, com alegria, o relato da enfermeira infectologista Rebecca Alethéia, que está vivendo há mais de 1 ano na África. Nesse período, ela trabalhou em ONGs, como a Médicos sem Fronteira, e em hostels.

Abaixo, enquanto espera o trem chegar, em uma estação em Moçambique, ela faz uma reflexão sobre as mulheres negras viajantes e sua (r)existência no mundo.

Você tem alguma história interessante envolvendo viagem e quer compartilhar? Mande seu relato para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Quem vos escreve é Rebecca Alethéia, uma mulher negra viajante e cidadã do mundo que neste momento encontra-se na estação ferroviária de Caia, província de Sofala, em Moçambique.

Meu último voluntariado na África foi na cidade de Quelimane, e meu objetivo agora é chegar ao Maláui, depois de muitas outras paradas, segura e em paz. Para pensar em mulheres negras viajantes como forma de (r)existência, é praticamente impossível não retratar este cenário do qual estou vivenciando: a ferroviária.

Talvez você não saiba que boa parte de Moçambique é ligada por caminhos de ferro que são seguros, confortáveis e funcionam muito bem. Decidi encarar essa viagem para realmente ter a experiência autêntica de andar de comboio, que é como eles chamam a viagem de trem por aqui.

Uma curiosidade é que existem muitos trens funcionais por países na África, assim como já falei em um vídeo no YouTube: De trem na África do Sul.

(R)existir no mundo é uma atitude milenar que tentarei contextualizar melhor sobre. Neste momento são quase 3 horas da manhã e adivinha? O trem que iria passar às 22h atrasou e, agora, a previsão de chegada é às 5h.

A quantidade de mulheres me impressiona, de todas as idades e religiões. Solteiras, casadas, divorciadas e as viajantes com filhos.

Engana-se quem pensa que mulheres negras não viajam ou que apenas viajam as que têm dinheiro. Seguiremos viagem juntas por mais de 10 h para a cidade de Tete, em Moçambique. Esse é o meio mais barato e seguro até lá.

As mulheres africanas trazem consigo particularidades, andam sozinhas, porém sempre juntas. Elas podem até vir só, mas irão se juntar a outras no intuito de serem mais fortes, de terem apoio, de uma proteger a outra.

Aqui estão muitas mães com os seus filhos, e a madrugada é sempre a hora da mamada das crianças. Não me impressiona ver muitas delas despertando com leveza para alimentar os seus filhos, com uma naturalidade onde não há espaço para choro nem gritos.

O único som que ecoa é do bar próximo à estação de trem, que não abala a dormida coletiva na ferroviária.

Dormir no chão é um hábito africano, o sono vem e deitar no chão não tem sido problema. As mulheres, pra lá de prevenidas, colocam a sua capulana –tecido usado por moçambicanas em volta do corpo ou da cabeça– no chão e se enrolam com outra capulana para barrar a brisa da madrugada e se proteger dos insetos.

Trazem consigo suas malas, cestas, trouxas e todos os itens necessários para a viagem. Sinto-me em um cenário de filme de Hollywood ao ver na madrugada casais de jovens namorados caminhando pelos trilhos. Flertam e esperam o trem. Ela vai partir, ele irá ficar.

Existem 3 classes neste trem: 1ª, 2ª e 3ª. Infelizmente, as pessoas só têm condições de comprar a última classe, mas te digo que a primeira já está cheia. O trem é o meio mais barato de locomoção, e para essas mulheres, o que importa é chegar.

No mês em que fazemos comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher, relato histórias reais de mulheres negras viajantes. Que talvez não sejam instagramáveis ou ganhadoras de milhões de likes, mas estão a se mover, percorrer e pertencer.

Não é de hoje, é de outro século. Mulheres negras viajantes existem e resistem diariamente pelas estradas, rodoviárias, ferrovias e aviões.

Nossas vidas são diferentes e precisam ser tratadas com diferenças, especificidades e cuidados. Por reconhecer que a trajetória de uma mulher negra é única e traz consigo muita ancestralidade, países do continente africano nomearam datas específicas para as mulheres negras, que vão além do dia 8 de março.

Conheça agora um pouco da história das mulheres negras viajantes e nossa (r)existência no mundo:

30 de janeiro – Dia da Mulher Guineense

Essa data homenageia Titina Silá, que lutou ao lado de Amílcar Cabral pela independência da Guiné-Bissau. Ela foi morta em uma emboscada em 1973.

Em sua homenagem, e também a todas as outras mulheres negras que lutaram pela independência do país, o Dia Nacional da Mulher Guineense foi instituído em seu aniversário de morte.

2 de março – Dia da Mulher Angolana

Celebra-se o reconhecimento do papel das mulheres empenhadas na luta de resistência do povo angolano contra a ocupação colonial portuguesa.

7 de abril – Dia da Mulher Moçambicana

O aniversário de morte de Josina Machel, segunda esposa de Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique, é comemorado no país. Josina juntou-se à luta armada de libertação ainda jovem e é considerada uma heroína em Moçambique.

25 de julho – Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha

Essa é uma data que existe para rememorar a luta de mulheres negras latino-americanas e caribenhas em prol de uma sociedade mais justa. Além de ser um dia para relembrar a história de Tereza Benguela, líder quilombola e símbolo da resistência contra escravização.

31 de julho – Dia da Mulher Africana

Este dia foi consagrado no ano de 1962 para a reflexão do papel da classe feminina da África na sociedade.

9 de agosto – Dia da Mulher Sul-Africana

O surgimento desta data aconteceu no ano de 1956, quando mais de 20 mil mulheres sul-africanas de todos os pontos do país marcharam em direção ao Union Buildings, Palácio Presidencial em Pretória e sede do governo.

Elas protestaram contra a extinção das leis que restringiam o movimento das mulheres.

Nesta ferroviária, vejo diversas histórias em um único cenário e percebo que aqui também escrevo a minha: uma mulher negra viajante que (r)existe. Vim trabalhar como voluntária em Moçambique, com uma mochila nas costas, vivenciando experiências de troca de trabalho em hostels, ONGs e casas de família que sempre foram muito afetuosas e cuidadosas comigo.

Agora preciso ir, o trem acaba de chegar. Embarque você também nessa viagem que é existir.

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Aviso aos passageiros 1: Cansado de ouvir perguntas absurdas, imigrante no Brasil criou uma camiseta com a estampa ‘África não é um país’

Aviso aos passageiros 2: Durante sua viagem de três meses pelos Bálcãs, o mochileiro Rafael Dallacqua usou a Worldpackers para arranjar um trabalho em um hostel em Sarajevo

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Mochileiro cearense conta como é viajar pela África e pelo Oriente Médio https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2019/09/25/mochileiro-cearense-conta-como-e-viajar-pela-africa-e-pelo-oriente-medio/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2019/09/25/mochileiro-cearense-conta-como-e-viajar-pela-africa-e-pelo-oriente-medio/#respond Wed, 25 Sep 2019 13:32:48 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/15693699045d8aaf30baec8_1569369904_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=120 Já apresentei aqui o Lucas e a Eve, um casal brasileiro que está rodando pela Europa em um motorhome, o Rogerinho. Agora é a vez de mostrar a história do Davi Montenegro.

O mochileiro cearense está há 1 ano e 3 meses em uma viagem ao redor do mundo. Ele começou o tour na Rússia, durante a Copa do Mundo de 2018, e passou 5 meses na Europa. Depois, ficou 1 mês no Oriente Médio e mais 8 na África. Agora, há pouco mais de 1 mês, Davi está desbravando a Ásia.

O cearense registra os locais por onde viaja, com impressões, perrengues e dicas, em sua conta no Instagram (@cabeca.pra.baixo). Inclusive, em muitas de suas fotos Davi está literalmente de cabeça pra baixo, plantando bananeira. A mania começou anos atrás, quando ele estava aprendendo a dançar break, o que o inspirou a fazer essa manobra nas imagens e virou tradição.

E você? Tem alguma história legal de viagem e quer compartilhar? Mande para o blog Check-in pelo email checkin.blogfolha@gmail.com

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Cheguei ao Oriente Médio em Tel Aviv (Israel). Uma cidade incrível, que une o antigo ao muito moderno, tudo isso no litoral do mar Mediterrâneo. Junto com dois amigos alugamos um carro e viajamos ao redor do país. O destaque ficou para a visita ao mar Morto, tão salgado que é impossível afundar! Você consegue boiar literalmente em qualquer posição. A sensação é muito esquisita.

Depois visitamos duas cidades na Palestina: Ramallah e Bethlehem. Dado que só ouvimos notícias trágicas sobre a região, eu estava com bastante medo. Chegando lá um pouco perdidos, fomos ajudados e muito bem recebidos pelo povo palestino. Pessoal muito feliz de que a gente os estava visitando, no fim do primeiro almoço nos deram de sobremesa até sorvete de graça. Ficamos num apartamento Airbnb muito bom e bem localizado e a experiência toda foi bem diferente do que eu esperava encontrar.

A última parada no Oriente Médio foi no sul da Jordânia, onde fui às Ruínas de Petra, uma das sete maravilhas do mundo moderno. É uma cidade histórica e arqueológica, com muito da sua arquitetura esculpido diretamente nas pedras, algo fantástico de se presenciar.

No fim de novembro peguei um navio da Jordânia que atravessou um trecho do mar Vermelho chegando na Península de Sinai, no Egito. Era minha primeira vez pisando em solo africano. A partir daí meu plano era atravessar o continente de norte a sul, tudo de transporte público, chegando à África do Sul provavelmente 5 a 6 meses depois.

Acabou que alguns destinos pelo caminho me encantaram tanto que eu fui ficando mais tempo do que o planejado, mas finalmente 8 meses depois cheguei na Cidade do Cabo, na África do Sul. No caminho entre o Egito até lá atravessei os seguintes países: Sudão, Etiópia, Quênia, Tanzânia, Maláui, Zâmbia e Namíbia.

Quando decidi fazer esse trajeto no continente, confesso que estava com um bom medo. Sabemos muito pouco sobre esses países, e as notícias que temos são na sua maioria negativas. Tive surpresas muito boas, vendo vários lados da África que nunca vemos!

No Sudão encontrei um país muito pobre, mas com um povo extremamente carismático. É provavelmente o local menos turístico de todos os que já visitei, então ver um estrangeiro para eles é uma surpresa e querem fazer de tudo para agradá-lo. Ganhei caronas e até sobremesas de graça!

Na Etiópia fui surpreendido com o nível de desenvolvimento da sua capital, Adis Abeba. Prédios sendo construídos por todos os lados na região central da cidade. Acabei sendo convidado por acaso na rua e indo parar no estádio de futebol para assistir a um jogo do Campeonato Etíope. O jogo em si foi meio fraco, mas a torcida deu um espetáculo cantando sem parar os 90 minutos.

No Quênia tive a oportunidade de fazer um safári, vendo de pertinho animais na savana, seu habitat natural. Alguns eram abundantes, e para todo lado você via zebras, girafas, búfalos, javalis, gazelas, antílopes. Já outros, mais raros, nosso grupo deu sorte de avistar: leões, um guepardo (cheeta) e um dos mais raros da região, um leopardo! Este estava de boa comendo uma gazela em cima da árvore, surreal.

Na Tanzânia visitei praias lindíssimas na ilha de Zanzibar, do nível de beleza do Caribe. Nunca associamos África com praia bonita, mas o litoral leste do continente está cheio delas! Mar azul clarinho, areia branca, água de coco e muita música africana, incluindo batucadas!

O Maláui é um dos mais pobres da África, mas com belezas naturais e um povo sorridente. A região das margens do lago Maláui (um dos maiores do continente) é muito linda, com montanhas de um lado e o lago gigantesco, que parece até o mar, do outro.

Na Zâmbia visitei as Victoria Falls (Cataratas de Vitória) que ficam na fronteira com o Zimbábue. É um paredão muito largo com quedas d’água, incrível. Quando fui, a água batia com tanta força lá embaixo que subia de volta em forma de névoa e chegou a formar dois arco-íris ao mesmo tempo!

Na Namíbia visitei a remota tribo local Himba, no meio de muitos quilômetros de deserto. Eles ainda vivem como se estivessem décadas atrás. Nunca tomam banho, bebem água de um poço e são semi-nômades, vivendo da cria animal e migrando dependendo da época do ano para onde tem alimentos para os animais.

Chegando finalmente à África do Sul, parecia que eu tinha mudado de planeta: um país extremamente desenvolvido. Viajei pela bonita costa sudoeste, conhecida como Garden Route. Ainda tive a sorte de ver a etapa sul-africana do mundial de surfe em Jeffrey’s Bay, torcendo para os nossos atletas brasileiros! Gabriel Medina foi o campeão da etapa.

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Aviso aos passageiros 1: Caso você esteja pensando em cair no mundo, ou mesmo ir de férias a um lugar e tem receio, inspire-se na história da aposentada Josefa Feitosa, uma cearense que está na estrada há 2 anos

Aviso aos passageiros 2: O leitor Marcelo Lemos contou a este blog como foi escalar o monte Kilimanjaro, o ponto mais alto da África

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