Check-in https://checkin.blogfolha.uol.com.br Relatos de turistas, dicas e serviços de viagem Wed, 01 Dec 2021 12:49:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cachoeira da Baronesa é boa opção para se refrescar no Rio de Janeiro https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/13/cachoeira-da-baronesa-e-boa-opcao-para-se-refrescar-no-rio-de-janeiro/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/11/13/cachoeira-da-baronesa-e-boa-opcao-para-se-refrescar-no-rio-de-janeiro/#respond Fri, 13 Nov 2020 17:35:54 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/16052342065fadee1ec1c83_1605234206_3x2_md-300x215.jpg true https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=548 A pandemia ainda não acabou, mas muita gente já tem feito passeios e pequenas viagens, respeitando os protocolos de segurança. Esse foi o caso da Nathaly Fogaça (@nathalyfogacaa), idealizadora da Agência Vamos, empresa turística voltada ao público feminino.

Ela aproveitou um domingo desses para visitar o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Entre fontes antigas, casas de arquitetura centenária e caminhada pela mata, conheceu a Cachoeira (ou Cascata) da Baronesa.

Em tempos de coronavírus nossas viagens ficaram mais restritas. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Os domingos costumam ser bem animados no Rio de Janeiro, mesmo ainda em clima de pandemia.

As pessoas saem de suas casas para aproveitar ao ar livre. O Aterro do Flamengo fecha para os carros e abre para as pessoas. As bicicletas laranjinhas passeiam de um lado para o outro. As praias enchem, as altinhas acontecem e os vendedores de mate e biscoito Globo não param. E lá, mais no alto, longe do mar e das aglomerações, a floresta respira. E numa tarde de domingo carioca, depois de ter bebido umas cervejinhas no sábado à noite, resolvi aceitar o convite da minha amiga Isa para caminharmos na floresta e suar um pouco. Sem dúvida ia renovar as energias. 

Há um tempo estávamos no “vamos marcar…”. Queríamos muito um encontro assim na floresta, e ambas desejávamos uma caminhada para relaxar e ampliar a mente.

Como chegar à pracinha

Nos encontramos perto do metrô Uruguai, última estação da linha 01 do metrô (que atualmente custa R$ 5) e bem próxima da floresta (inclusive, saindo do metrô já é possível sentir a diferença de temperatura em relação ao centro/beira-mar e ver ainda mais o contraste do verde-floresta com o cinza-asfalto). Dali você pode subir de ônibus (301 ou 302) ou transporte compartilhado (uber, 99taxis etc) até a entrada do Parque Nacional da Tijuca. Encontrei a Isa de carro e subimos juntas até a Praça Afonso Viseu, carinhosamente chamada de “pracinha” por aqueles que combinam de fazer alguma atividade na floresta. 

O que levei na mochila

Na mochila, água, um casaco e pão com pasta de amendoim. Na cabeça, nenhuma ideia de qual trilha faríamos. No coração, uma vontade grande de respirar o ar puro de uma das maiores florestas urbanas do mundo, a Floresta da Tijuca, e nos conectarmos com essa natureza mais selvagem e protegida que essa unidade de conservação oferece aos visitantes.

Estacionamos o carro e, numa breve caminhada até o portão do Parque (setor Carioca), já foi possível viajar no tempo por meio da arquitetura das casas da região, que são grandes, com lindos jardins e datas que beiram 1900. Eu me senti na novela das seis.

Centro de Visitantes e outros atrativos da região

A partir do portão do Parque (que abre às 8h e fecha às 17h), com poucos minutos de caminhada pela estrada de asfalto em meio à floresta, chegamos à Cascatinha Taunay (onde é permitida apenas a apreciação, sem banho). Ali perto também está o Centro de Visitantes, onde você vai encontrar água, banheiro, muitos folhetos informativos, mapas, fotos e uma breve exposição sobre a região, além de funcionários do Parque Nacional que podem te auxiliar com informações.

Seguimos caminhando pela estrada, ainda sem muitos planos de qual atrativo visitaríamos. Uma das possibilidades era subir ao Pico da Tijuca, mas como já estava tarde (mais ou menos 13h) para iniciar uma trilha de 7 km (só de ida), deixamos essa opção para outro dia. 

Outra ideia refrescante era ir até a Cachoeira das Almas, uma das mais conhecidas da região, mas como era domingo, supomos que estaria com bastante gente. Então, em busca de um trajeto tranquilo, sem muitas pessoas pelo caminho e recheado de histórias, seguimos para a Cachoeira da Baronesa –que eu nunca tinha ouvido falar, mas que me chamou a atenção pelo nome.

Um pouco da história do Rio de Janeiro

A Floresta da Tijuca tem uma forte relação com o período imperial da cidade e, caminhando pela região do Alto da Boa Vista, você sempre vai esbarrar com algum resquício desse período. Fontes de água, mapas, placas e também casas (que hoje têm outras funções dentro do Parque) contam a história da segunda capital do Brasil. Visitar a Cachoeira da Baronesa fez com que eu me sentisse importante e imperial (kkkk), além de imaginar como viviam, agiam e se vestiam as pessoas numa época tão tão distante.

A Isa já conhecia esse caminho e aproveitou para me apresentar alguns outros atrativos da região que eu não conhecia. Começamos pela Fonte Wallace, uma fonte de ferro fundido de 1876 que representa a beleza das quatro cariátides (figuras femininas que representavam virtudes humanas), simbolizando a bondade, a caridade, a simplicidade e a sobriedade. 

A fonte está no Jardim dos Manacás, uma praça charmosa e silenciosa na mata onde tenho certeza de que as baronesas faziam leves caminhadas e se sentavam ali para jogar conversa fora e refletir na difícil vida da realeza. 

Seguindo mais adiante, passamos pelo restaurante Os Esquilos, uma dessas casas antigas que, hoje, tem uma nova função. Observar os detalhes dessa arquitetura antiga e o jardim bem cuidado ao fundo me transportou, de novo, para o período imperial.

Campo Escola de Escalada

Seguimos em caminhada pela estrada (entre 1 h e 1h30 de ida) até a beira da cachoeira. Antes disso, a Isa chamou atenção para algumas rochas próximas dali que formam pequenas cavernas. Pedi para acessarmos aquele local onde há algumas paredes de escalada. Depois, descobrimos que o nome daquele setor é Campo Escola 2000, com paredes de boulder e escalada esportiva que vão de 7º a 10º (ou seja, bem difíceis!). Ficou o desejo de retornarmos um dia para conhecer e, quem sabe, escalar.

Voltamos para nossa missão de tomar um banho gelado nas águas imperiais. Da estrada para a cachoeira é necessário descer uma breve escada feita de terra, folhas e madeira. É uma descida tranquila, mas um pouco de atenção para não escorregar é importante. Essa descida dá acesso à cachoeira rodeada por uma caverna semiaberta e iluminada, além de árvores imponentes e uma ponte sabe-se-lá-de-quando. Com certeza passavam carruagens por ali!

O resto da tarde foi assim: de conversa, silêncio, fotos, conexão com a mata e banho gelado (no caso, eu só lavei o rosto porque tomar banho gelado naquele momento seria um grande passo fora da minha zona de conforto). 

Começamos o retorno por volta das 16h para estar na entrada do Parque às 17h, quando ele fecha. Repus a água da garrafa nas fontes pelo caminho e, antes de encerrarmos o passeio, observamos algumas formigas caminhando de um lado para o outro com folhas e flores, provavelmente reforçando suas casas para o período de chuvas que se aproxima. 

Para fechar a noite e alimentar nossos estômagos que estavam cheios de fome, paramos em uma lanchonete árabe para comer esfirras e alguns pratos típicos por um preço acessível e um atendimento carinhoso, mesmo sendo noite de domingo e com o estabelecimento prestes a fechar.

Retornei para casa de metrô pensando nisso tudo.

Na floresta, no período imperial, nas formigas e no bom atendimento.

A semana começou diferente.

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Aviso aos passageiros 1: A viajante Isadora Santos visitou a capital paraense e dá dicas de como aproveitar Belém em 48 horas

Aviso aos passageiros 2: Se você gosta de natureza, o casal de cicloviajantes Rafaela Asprino e Antonio Olinto criou um guia da serra do Espinhaço, entre Minas Gerais e Bahia

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Adolescentes se aventuram em avião da FAB para ver The Cure no Rio https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/09/01/adolescentes-se-aventuram-em-aviao-da-fab-para-ver-the-cure-no-rio/ https://checkin.blogfolha.uol.com.br/2020/09/01/adolescentes-se-aventuram-em-aviao-da-fab-para-ver-the-cure-no-rio/#respond Tue, 01 Sep 2020 18:17:28 +0000 https://checkin.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/15989832795f4e8c6fc75b4_1598983279_3x2_md-300x215.jpg https://checkin.blogfolha.uol.com.br/?p=487 Esses tempos o leitor Lima Medeiros contou ao blog como foi sua experiência no show do Eagles, quando ele viajou a Portland para visitar a filha.

Esse relato inspirou o auditor do TCU Frederico Lopes de Almeida a relembrar a vez que viajou de Manaus ao Rio de Janeiro para ir à apresentação do grupo The Cure.

Mas não foi uma simples viagem. A equação envolveu um grupo de quatro adolescentes e um avião da FAB. E isso em 1987. É melhor eu não contar muito para não perder a graça do relato.

Em tempos de coronavírus não podemos viajar, e muitas vezes nem sair de casa. Mas ainda podemos relembrar momentos marcantes que tivemos em outras cidades. Que tal compartilhar sua história de viagem com o blog Check-in? É só escrever para o email checkin.blogfolha@gmail.com.

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Sou servidor público, nascido em Pirassununga (SP) e criado no Rio de Janeiro. Desde 1999 moro em Brasília. Antes disso, morei na Venezuela e, aqui no Brasil, em vários lugares: São Paulo, Bahia, Manaus. É em Manaus que começa minha história.

Em 1987, eu e meus dois irmãos estudávamos no Colégio Militar de Manaus. Família classe média, meu pai era oficial da Aeronáutica e minha mãe, como então se dizia, era “do lar” —horrível descrição? Também acho.

McDonald’s ainda não chegara à capital do Amazonas e o jeito era passar às tardes na lanchonete Germana (Ou seria Germana’s? Não lembro. Mas não vou buscar no Google). Lá pedíamos um refrigerante e pronto. Ficávamos o dia inteiro vendo as meninas passar (chamávamos de “gatinhas”), fumando algumas besteiras lícitas, sentindo integrados ao mundo moderno e ouvindo “Livin’ On a Prayer”, “Take on Me”, “Enjoy The Silence” e coisas do tipo.

Entre as canções que serviam como fundo sonoro onipresente havia as do grupo The Cure. Robert Smith, o vocal da banda, com seus cabelos despenteados alucinados, emplacava uma música atrás da outra. Smith fazia o tipo rebelde, londrino, esquisitão, mas sabia fazer sucesso e, suponho, dinheiro.

Acho que até hoje devem tocar The Cure em algum momento da noite. Mas podem deixar que não ficarei enaltecendo os grupos mega-das-galáxias que povoaram os anos 80 do século passado. (Isso todo o mundo sabe). O fato é que curtíamos demais The Cure e tudo aquilo que vivíamos e ouvíamos na lanchonete Germana.

As tardes na lanchonete eram o ócio adolescente, mistura não muito recomendável. Ninho de sandices. Muitas coisas esquisitas elaboramos ali, meus irmãos e nossos amigos mais próximos. Até que, numa bela tarde, o radialista, antes de anunciar o novo sucesso do The Cure, comunicou que ele se apresentaria no Brasil.

Onde? No Rio de Janeiro? Onde? No Maracanãzinho. Com a notícia, a primeira sensação era a de que fomos traídos. Uns cinco meses antes morávamos na Rainha Elizabeth, em Copacabana, e tínhamos uma tia que vivia no bairro do Maracanã (sim, perto do estádio). Ou seja, se nosso pai não fosse transferido para Manaus, não teríamos muita dificuldade para ir ao show.

Marcelo e Felipe, irmãos de Frederico, nos anos 1980 (Arquivo pessoal)

Então, não sei quem se saiu com esta: “Vamos lá?”. Um diretor de cena nem tão criativo lançaria close-ups em cada um de nós, apenas para registrar que ninguém deu a menor bola para aquilo. Mas meu irmão mais velho era uma espécie de líder e o mais sensato de todos:

— Vamos de FAB.

Bem… Claro… Se estou escrevendo aqui para o blog Check-in, é porque a coisa deu certo. Naqueles tempos havia o Correio Aéreo Nacional, o CAN. Por meio desse correio aéreo, qualquer cidadão (em tese, pelo menos) poderia pleitear um voo de graça em um dos aviões da FAB: Bandeirante ou Avro eram os mais disponíveis.

Como o leitor deve imaginar, um voo de graça patrocinado pela Aeronáutica é bem diferente de viajar numa Airways da vida. Para começar, não tínhamos certeza se havia algum avião da Força Aérea indo para o Rio na mesma época do show. O fato é que segunda devíamos estar de volta. Faltar segunda seria apenas tolerável, afinal Colégio Militar nunca foi local de perdoar alunos relapsos.

Além disso, simplesmente não sabíamos se haveria vaga para todos nós (os três irmãos e um amigo). Mas meu irmão mais velho era uma espécie de líder e o mais sensato de todos:

— Só vamos saber se será possível se a gente tentar.

Deu certo. Todos os astros se alinharam para nosso “vapt-vupt” ao Rio de Janeiro. Não apenas havia voo previsto para o Rio, como o voo coincidia com a data do show. Não apenas a data coincidiu, como o mesmo avião voltaria a tempo de ir à aula da segunda. Não apenas… Enfim. Coubemos nós quatro no Bandeirante da FAB, espécie de velho guerreiro das aeronaves nacionais.

Passados 33 anos desde aquele voo rumo ao Maracanãzinho para assistir ao The Cure, confesso que fiquei atônito com tamanha vontade do universo para que estivéssemos ali, na arquibancada do estádio, vendo ao longe o figuraça do Robert Smith frenético pelo palco, cantando “Close to Me” e todo o resto.

A acústica era horrível. O som saía ruim e a banda só podia ser vista em vultos bem miudinhos no palco distante cheio de fumaça de gelo seco. A galera vibrava muito com tudo, mas eu, meus irmãos e nosso amigo, Tavinho Lebô, ficamos… como direi… na raça.

O avião saíra de Manaus lá pelas cinco da manhã, parou em Alta Floresta (MT), depois em Brasília, depois em Uberaba (MG). Chegamos tarde da noite à casa da minha tia na rua Luíz Gama e fomos ver The Cure no dia seguinte.

Confesso agora. Pensei durante toda a viagem: o que não vai dar certo? Absolutamente nada deu errado. Cheguei aos 49, estou bem e meus irmãos também. Tavinho Lebô se foi há quase 21 anos (doze anos, portanto, após o show). É para ele que vai esta canção, não The Cure, mas B-52s, “Private Idaho”, pois essa aí, doido, nós sempre dançávamos. De deixar Robert Smith no chinelo.

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Aviso aos passageiros 1: O blog Lineup, da Folha, cobre grandes shows e festivais de música no Brasil e no mundo. Mesmo durante a pandemia, há shows rolando na internet

Aviso aos passageiros 2: O Virgin Money Unity Arena, um festival no Reino Unido, reuniu o público em cercados para cumprir distanciamento. Será esse o novo normal?

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