Confira 6 dicas para fazer seu primeiro mochilão

Para muitos, fazer um mochilão é um modo de viajar. Para outros, um estilo de vida, já que adotam no dia a dia o hábito de ter poucas posses e estar aberto a todo tipo de situação fora do planejado.

Se você está pensando em fazer parte do primeiro grupo, seguem algumas dicas para estrear com o pé direito. Se já viajou com a mochila nas costas, vale a pena ver se a lista traz alguma novidade.

Agora, se você já adotou o mochilão como estilo de vida, pense que esse post é voltado para os iniciantes e mande sugestões para encorpar o texto. O email é checkin.blogfolha@gmail.com.

As dicas daqui foram compiladas a partir da minha experiência de dois mochilões –pela Europa, em 2010, e pela América do Sul, em 2011– e das viagens que fiz nos últimos anos, sempre com uma mochila nas costas (inclusive na lua de mel).

DICAS

1. Mochilão

Antes de mais nada, a ideia do mochilão é viajar com uma mochila (conhecida como cargueira, por comportar muito peso), e não uma mala de rodinhas. Facilita bastante ter as duas mãos livres para segurar mapa/celular/câmera fotográfica ou pedir carona. Além disso, as rodinhas podem atrapalhar na hora de andar na praia ou em ruas antigas de Paraty ou outros centros históricos.

Há vários modelos e marcas de mochila no mercado, tanto estrangeiras (Osprey, Deuter, The North Face, Quechua e Thule) quanto nacionais (Nautika e Crampon). Os tamanhos também são os mais diversos.

Na hora de escolher, além do preço, avalie questões como o conforto nas costas (sua viagem depende do seu corpo), bolsos externos (não é legal tirar tudo de dentro para pegar um bandaid) e divisões internas (roupa suja de um lado e limpa do outro).

Dica de ouro: vale ter uma mochila menor (conhecida como “de ataque”) para levar água, comida e câmera no passeio cotidiano. Há modelos, usualmente mais caros, de mochila cargueira que vêm com a de ataque acoplada.

2. Planejamento

Como primeiro mochilão, é importante ter um mínimo de planejamento: saber quando começar e terminar a viagem, quantos dias ficar em cada cidade, onde se hospedar e como se locomover entre os destinos.

Essa organização ajuda você a comprar passagens mais baratas, encontrar hospedagens em lugares mais estratégicos e avaliar se vale viajar de trem, carro ou bike entre as cidades.

Há viajantes, inexperientes ou não, que preferem organizar praticamente tudo, como os passeios dia a dia e os restaurantes/bares que serão visitados. Assim como há aqueles que ignoram tudo isso e caem na estrada só com a data de partida, deixando a vida surpreender.

3. Conteúdo da mala

Independentemente de quantos dias você ficará na estrada, a ideia é que leve o essencial na mochila.

Pense em roupas que tenham várias combinações e ignore aquelas que só podem ser usadas num único conjunto. De que adianta levar sapatos de salto alto para uma eventual balada? Tênis ou sapatos mais arrumadinhos podem ser usados tanto na festa quanto no dia a dia.

Avalie a ideia de lavar roupa durante a viagem –há hostels que oferecem lavanderia. Assim, você pode diminuir a quantidade de camisetas, meias e cuecas/calcinhas.

4. Burocracia

Pesquise o que é necessário levar de burocracia para seus destinos. Para onde você vai precisa de visto? E vacinas? Se a ideia é dirigir, precisa ter uma carteira internacional de habilitação?

Não é necessário viajar com passaporte entre os países do Mercosul, por exemplo. Em contrapartida, há um caminho burocrático para obter o visto chinês e o japonês. Ninguém quer estragar a viagem por causa de falta de papéis, certo?

5. Aplicativos 

Se você mochilou há 10 anos ou mais, é grande a chance de ter viajado sem tecnologias à mão, só a base de mapas e frases em diferentes idiomas anotadas num caderninho.

Mas, se vai fazer seu primeiro mochilão agora, por que não aproveitar os muitos aplicativos e baratear a trip? Seguem alguns que podem ser úteis, mas vão depender o perfil de cada um:

Couchsurfing – conecta pessoas que buscam abrigo gratuito ou um simples passeio na cidade com quem tem espaço em casa para oferecer

Hostelworld – assim como muitos outros sites/aplicativos, lista hostels na região que você estiver buscando

BlaBlaCar – conecta motoristas que têm vaga no carro com pessoas atrás de carona. A viagem é paga, mas sai mais barato do que transporte coletivo

Skyscanner – ajuda a pesquisar preços de passagens aéreas, assim como outros

6. Mente aberta

Não importa se a viagem é de mochilão, lua de mel ou a trabalho –na verdade, vale pra vida toda–, é fundamental estar sempre de cabeça aberta. Você vai encontrar pessoas de culturas e atitudes diferentes das suas, e isso é normal. Tente não as julgar por isso.

Problemas podem surgir. Quem nunca se encantou com um quarto de hotel quando viu na internet e descobriu algo bem diferente in loco? Ficou sob chuva todos os dias que passou no lugar? Ou viajou com uma péssima companhia? Pode ser difícil na hora, mas não deixe isso interferir na sua viagem e no seu sentimento sobre a cidade. Reveja o que você não gostou do lugar e avalie dar uma segunda chance ao destino.

História pessoal: Antes do meu primeiro mochilão pela Europa, fiquei alguns dias em Paris. Teve chuva, recepcionista mal-humorado, três tentativas de golpe e até uma madrugada em que dormi na rua. Levei muito tempo para ver que a situação ruim foi em parte por minha falta de experiência, e já cogito uma segunda chance à capital francesa.

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Aviso aos passageiros 1: Relato como foi o meu primeiro mochilão e todos os perrengues no livro recém-lançado “Embarque Imediato” (O Viajante, R$ 39,90, 180 págs.)

Aviso aos passageiros 2: Já contei aqui a história de dois mochileiros, o Davi, jovem que viajou pela África e pelo Oriente Médio, e o Samuel, PM aposentado que desbravou a América Latina com uma mochila nas costas